Olavo Correia fez estas considerações à margem do encontro entre o Governo e representantes do corpo diplomático para a apresentação dos impactos da guerra na Ucrânia sobre a economia nacional.
Considerando ser um cenário dramático, o ministro das Finanças e do Fomento Empresarial assegurou que, com o engajamento de todos, o País será capaz de vencer, pelo que o Governo vai trabalhar para o rendimento social de inclusão.
“Mais de quatro milhões de contos serão necessários apenas para ser alocados na gestão das consequências da guerra da Ucrânia em Cabo Verde, ou seja cerca de 70% daquilo que temos previsto para financiar o orçamento terá de ser alocado apenas para fazer face às consequências desta guerra”, esclareceu.
O ministro apontou ainda que o Governo tem tomado um conjunto de medidas que visam assegurar a estabilidade, nomeadamente a questão da estabilidade de preços, que afecta sobretudo as camadas mais desfavorecidas, a insegurança alimentar e a disponibilidade de recursos energéticos.
“Para o efeito, só para estabilizar os preços, o Estado de Cabo Verde vai precisar de cerca de 1,7 milhões de contos para poder garantir que os preços não aumentem de forma substancial”, avançou.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, por sua vez, afirmou que o objectivo do encontro foi não só partilhar aquilo que é a perspectiva do Governo de Cabo Verde, como solicitar intervenções adicionais dos parceiros para o “momento extraordinário,” particularmente a nível da ajuda alimentar e orçamental.
“Como sabem, Cabo Verde está exposto desde 2016 a tripla crise, secas severas, fruto de fenômenos meteorológicos extremos e das alterações climáticas que o País sente de uma forma forte pela sua exposição aos choques externos”, disse.
Com a pandemia da covid-19, e a agora mais recentemente, a guerra na Ucrânia, a mais de seis mil quilómetros de Cabo Verde, acrescentou, o arquipélago sente efeito directo derivado da crise inflacionista que atinge o sector energético, que, sustentou, é “estratégico para qualquer país”.
Segundo ainda a mesma fonte, o Governo tem estado a introduzir medidas de mitigação relativamente à situação das secas, fazendo gestão de contingências, e de emergências, através de medidas sanitárias, protecção ao emprego e ao rendimento das famílias.
Contudo, assegurou que Cabo Verde tem dado respostas positivas e à altura daquilo que era suposto, sublinhando que vai ser necessário não só fazer a retoma, mas também, mais uma vez, fazer face à emergência e contingência.
“Vamos continuar a colocar o foco na resiliência para tornar Cabo Verde um país menos vulnerável a choques externos. Nós queremos que no futuro próximo possamos reduzir as vulnerabilidades e induzir o desenvolvimento sustentável, por isso a aceleração da transição energética coloca-se hoje como maior equidade”, assinalou.
O primeiro-ministro garantiu ainda que a agenda 2030 continua de pé, apesar do contexto “super turbulento”, salientando que o Governo de Cabo Verde continua engajado em atingir os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável.