PR diz que cabo-verdianos devem sentir-se orgulhosos do caminho percorrido no pós-independência

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,4 jul 2022 8:37

O Presidente da República considera que os cabo-verdianos devem sentir-se orgulhosos do caminho percorrido nestes 47 anos da independência nacional e que o País registou um “enorme crescimento”, do ponto de vista político, económico, social e cultural.

“Cabo Verde deu um grande salto em frente. Os desafios que temos hoje resultam precisamente desta dinâmica de crescimento e da inserção mais competitiva de Cabo Verde no mundo”, precisou José Maria Neves, em declarações à Inforpress, a propósito dos 47 anos do arquipélago como País independente.

Em 1975, frisou, Cabo Verde era um País “improvável” e o ponto de partida era “extraordinariamente difícil”.

“Para além da grande devastação humana, Cabo Verde não tinha e não possui recursos naturais tradicionais. Foi extremamente difícil colocar as primeiras pedras nos caboucos que, entretanto, foram abertos para a construção do País”, pontuou o chefe de Estado.

Para Neves, os cabo-verdianos são consensuais em aceitar que houve um “enorme crescimento”, apesar dos constrangimentos iniciais que restringiram o ritmo do desenvolvimento e dos desafios que ainda o País tem pela frente, nomeadamente a “grande vulnerabilidade económica e ecológica”.

Na perspectiva de José Maria Neves, a independência nacional valeu a pena “a todos os títulos”, já que os cabo-verdianos conseguiram “trilhar um caminho de sucesso” e “fizeram bem” o que tinham de fazer durante estes 47 anos.

Contou que a 5 de Julho de 1975 era um adolescente e que na companhia de um amigo, sem a autorização da mãe, porque esta não lhe permitia, deslocou-se à Cidade da Praia muito cedo para assistir às cerimónias da proclamação da independência nacional.

“Disse à minha mãe que ia até Assomada [Santa Catarina, interior de Santiago] participar na missa e vim à Praia assistir a todas as cerimónias e, no fim da tarde, regressei”, contou Neves.

Perguntado se algum dia lhe passou pela cabeça que ia ser Presidente da República, respondeu nesses termos:

“Sempre tive um sonho. Servir Cabo Verde e servir os cabo-verdianos. Entrei na política pela mão da doutrina social da Igreja [católica]. Na escolha das minhas profissões ou das minhas formações, sempre quis ser uma pessoa capaz de servir os cabo-verdianos”, declarou.

A fome e a grande escassez da água, continuou, a extrema pobreza, “que me marcaram enquanto criança, moldaram a minha forma de ser e de estar”.

“Sempre quis que as pessoas vivessem melhor, com mais dignidade e com menos desigualdade. Foi isso que me impeliu, num primeiro momento, em querer ser padre, administrador do concelho, engenheiro agrónomo porque, precisamente, pensei que esses domínios poderiam permitir-me ajudar as pessoas”, explicou.

Além de ter exercido as funções de presidente de câmara municipal, José Maria Neves foi deputado à Assembleia Nacional, ministro, primeiro-ministro e, agora, Presidente da República.

“Fiz todas as gestações de uma caminhada e de um político interessado em servir as pessoas”, frisou, acrescentando que sempre conseguiu realizar os seus sonhos.

“O que sempre digo aos jovens cabo-verdianos é que nós podemos realizar os nossos sonhos. Só que a realização dos nossos sonhos depende muito de um trabalho árduo, de muita abnegação e de muita entrega. Sempre venci porque sempre acreditei nos meus sonhos”, sublinhou.

Na terça-feira, 05 de Julho, pela primeira, sobe ao púlpito da Assembleia Nacional na qualidade de Presidente da República e a Inforpress quis saber que mensagem vai dirigir aos cabo-verdianos, ao que ele respondeu, deixando transparecer que os desafios actuais do País vão ser os ingredientes do seu discurso.

“Crescemos e hoje Cabo Verde é um País independente, democrático e que está a lançar as bases do seu desenvolvimento”, vincou, reconhecendo, contudo, que o arquipélago tem ainda enormes desafios pela frente.

Considera que Cabo Verde é uma democracia liberal e que os cabo-verdianos precisam completar a revolução liberal iniciada nos anos 90.

“Temos, efectivamente, de garantir a sustentabilidade do País. E para isso temos de poder fazer política de forma diferente, temos de desdramatizar as divergências e as discussões”, sugeriu o chefe de Estado, que considera que a democracia é o confronto de interpretações.

Para ele, a democracia é, também, a possibilidade de divergências, pelo que, salientou, “temos de divergir, naturalizar as diferenças e discutir com muito mais elevação”.

“A democracia exige liberdade de expressão, capacidade de deliberação e a possibilidade de construir entendimentos e pontes para a solução dos problemas do País”, afiançou Neves, assinalando que, no quadro de uma visão de a longo prazo, os cabo-verdianos devem construir as soluções que são necessárias para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento.

“A minha ideia é mobilizar a Nação para os grandes desafios que temos pela frente”, concluiu José Maria Neves.

A Independência Nacional aconteceu foi proclamada pela voz do então presidente da Assembleia Nacional Popular, Abílio Duarte, hoje falecido, tendo como palco o Estádio da Várzea.

Na primeira hora, houve a profecia, quase generalizada, de que Cabo Verde independente não conseguia singrar.

Entretanto, hoje, tem a segunda melhor qualidade de vida africana, segundo o Índice de Progresso Social, e o seu índice de Desenvolvimento Humano tem melhorado de forma contínua ao longo dos anos.

É o segundo País Africano mais democrático, embora persistam os desafios de melhoria ao nível da qualidade e cultura democráticas e bem assim da participação da sociedade civil.

O Produto Interno Brito (PIB) per capita que, em 1975, era de pouco mais de 200 dólares, situa-se, hoje, muito acima dos 3000 dólares.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,4 jul 2022 8:37

Editado porAndre Amaral  em  22 mar 2023 23:27

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