Ulisses Correia e Silva que discursava hoje, em São Vicente, na abertura do Fórum “Emergência de uma frente comum para enfrentar e vencer as crises”, sublinha que é “impossível gerir qualquer crise se não houver comprometimento social”.
“E um dos objectivos de estarmos a fazer este encontro é para haver essa sensibilização social, de que o problema é grave, o problema existe e atinge a economia, a vida das pessoas e essa consciencialização permite-nos acomodar também comportamentos, acomodar atitudes, compreender prioridades. Temos estado a ser confrontados, várias vezes, com algumas situações de pedidos de aumento salarial, ameaças de greve e manifestações, isto numa situação de normalidade compreende-se, não se compreende é nesta altura, num momento de crises graves”, afirma.
O primeiro fórum nacional sobre a emergência de frente comum para gestão de crises aconteceu a 12 de Julho, na Praia. Segundo o chefe do governo, o executivo enfrenta, neste momento, “o desafio de mobilizar recursos para atender às famílias mais vulneráveis e assegurar a estabilização dos preços”.
“O que estamos a solicitar aos parceiros é que, de facto, haja um comprometimento com a compreensão da situação e que haja uma intermediação para que essa compreensão se faça, isso é válido para a Comunicação Social, que funcionou muito bem durante a pandemia mas nesse caso não funciona da mesma forma. Com a pandemia houve uma sensibilização, todos os dias estava na Comunicação Social a situação de gravidade, que era preciso proteger, neste momento não está a funcionar assim, mas é preciso. Não no sentido dramatizar, mas de dizer que estamos em situação de crise e que é preciso que haja uma abordagem muito diferenciada”, refere.
Cabo Verde está em Situação de Emergência Social e Económica devido aos impactos da Guerra na Ucrânia. Dados avançados anteriormente pelo governo indicam que o país precisa de cerca de 9 milhões de euros para implementação das medidas de mitigação dos efeitos das crises alimentar e energética.
Em Junho, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização das Nações Unidas para e Agricultura (FAO) indicaram que 32 por cento (%) da população cabo-verdiana sofre de insegurança alimentar e que há famílias a comerem menos.
As agências da ONU apontam a seca, a crise económica provocada pela Covid-19 e os impactos da Guerra na Ucrânia como factores que levaram ao aumento de pessoas a passar por situação de insegurança alimentar no país, estimando que a situação afecta 181 mil pessoas.