Em conferência de imprensa para fazer o balanço da visita de quatro dias que a direcção nacional dos democratas cristãos efectuou na última semana à ilha do Monte Cara, o presidente da força política disse que as principais reclamações prendem-se com “os preços excessivos dos produtos da primeira necessidade e os salários que continuam baixos”.
“A situação é de uma angústia perfeita. Como o preço dos produtos como está é de facto uma situação de angústia. Em São Vicente constatamos que há pessoas a passar fome. Não há que esconder. Há pessoas que não têm recursos para colocar o alimento em cima da mesa para os seus filhos. Ou se colocarem uma vez já não conseguem uma segunda porque o salário não dá”, diz.
João Luís defende que o Governo deve direccionar as medidas de mitigação das crises, por forma a que tenham impacto positivo na vida das pessoas. O líder partidário vai mais longe e sugere o aumento salarial, principalmente a pensão dos idosos e a remuneração de trabalhadores que usufruem menos de 20 mil escudos.
“Nós já falamos nisso, mas o Governo continua a não entender e com a retórica de que não há dinheiro. Ainda ontem ouvimos dizer que as receitas do Estado aumentaram 31,4% até Maio, face ao mesmo período de 2021. O Governo diz que o PIB cresceu em 2020, mas o Estado não consegue utilizar aquele crescimento para melhorar a vida das pessoas. Isto é um contraste”, entende.
“São Vicente em banho-maria no sector das pescas”
Na primeira visita oficial da nova direcção da UCID a São Vicente, o partido centrou a sua atenção no sector primário da economia e os seus principais protagonistas. Nas pescas, por exemplo, o partido aponta vários constrangimentos constatados nas diversas comunidades piscatórias, desde a questão de financiamento de projectos, falta de formação dos profissionais da classe, défice de espaços adequados para a conservação de pescado e produção de gelo.
“No sector das pescas achamos que estamos de facto em banho-maria em São Vicente. Continuamos com a prevalência da pesca artesanal, sem indícios de pelo menos se passar para a semi-industrial e depois para a industrial, como costa do programa do Governo. Se não houver investimentos não vamos a lugar nenhum”, afirma.
A UCID reconhece que o país está a enfrentar uma tripla crise neste momento, mas entende que o Estado pode fazer mais, principalmente para a população mais vulnerável.