A declaração do presidente da Comissão Política do PAICV, Adilson Graça, foi feita esta manhã, em conferência de imprensa, na sequência do anúncio feito na última sexta-feira pelo líder da UCID, João Santos Luís, de que tinha chegado a entendimento com o MpD e que em breve todos os vereadores e o presidente devem assinar um memorando de entendimento que visa garantir o “funcionamento integral” da edilidade.
“O PAICV em nenhum momento foi contactado. Nós não fazemos parte deste novo possível entendimento, porque ainda não foi assinado. Os nossos vereadores em nenhum momento foram contactados. Portanto, é um possível entendimento que nós desconhecemos e estranhamos que esteja a acontecer porque não houve nenhuma mudança quer na postura do presidente da Câmara, quer na tentativa de recuperar as decisões da reunião de 2 de Janeiro para fazer essa mudança”, diz.
Adilson Graça estranha que o presidente da UCID tenha dito que o documento vai ser assinado por todos os vereadores, apesar de defender um entendimento que envolva também os vereadores do seu partido.
“Não é razoável que o PAICV assine um acordo com as outras forças sem ser parte da construção desse acordo”, refere.
O responsável político recorda que, em 2021, foi aprovado um memorando de entendimento entre todos os vereadores e o presidente da Câmara, mas o mesmo não foi rubricado por Augusto Neves, o que inviabilizou a sua implementação.
“A partir desse momento a UCID e o PAICV estiveram o tempo todo juntos, a tentar que o presidente da Câmara implementasse o memorando de entendimento e criasse as condições para o funcionamento legal e democrático deste órgão da administração local de São Vicente. É por isso que hoje estranhamos este reposicionamento da cúpula da UCID em querer estabelecer este possível entendimento com o MpD e com o presidente Augusto Neves, excluindo o PAICV”, aponta.
Recorde-se que o MpD venceu as eleições de 25 de Outubro de 2020, em São Vicente, mas sem maioria absoluta. Na Câmara, conseguiu quatro mandatos. A UCID elegeu três vereadores e o PAICV dois. Desde então, são várias as denúncias, de ambos os lados, sobre a falta de entendimento na gestão da autarquia entre os partidos da oposição e o presidente eleito.
No início de Novembro, os vereadores da UCID e do PAICV pediram a perda de mandato de Augusto Neves como presidente da autarquia. Os eleitos apontam “um conjunto de ilegalidades” alegadamente praticadas pelo edil desde 2020.