Perante uma sala cheia de apoiantes da sua candidatura à liderança do partido, Orlando Dias acusou, hoje, na Praia, que “actual liderança do MpD tem dado primazia a questões marginais de índole pessoal dentro do Partido, contribuindo para a redução do protagonismo e da dinâmica da organização, através de empobrecimento do diálogo interno e, consequentemente, com a sociedade” e defendeu que o partido deve voltar a ser “verdadeiramente democrático, em conformidade com a sua origem, essência e objectivos que se baseiam na democracia, liberdade, desenvolvimento, justiça social e defesa intransigente da dignidade da pessoa humana, principal beneficiária de todo o esforço de desenvolvimento”.
Acreditando que é necessário “resgatar o MpD”, Orlando Dias apelou a que os militantes do partido lutem “contra o exercício do poder baseado na tomada de decisões por alguns dos principais dirigentes, à porta fechada e nas costas da maioria dos membros do Partido”.
“Não se deve permitir que o MpD seja um partido de classe nem de aparelho e, por isso mesmo, é urgente que seja resgatada a ligação estreita entre os órgãos nacionais, as estruturas intermédias e as bases, através de reuniões e visitas sistemáticas, periódicas e frequentes, dos membros da Comissão Política Nacional e da Direcção Nacional, para assegurar aos mesmos uma correcta avaliação da situação e dos problemas que afectam o País”, acrescentou.
A candidatura, disse, surge na “sequência de um processo interno complexo, que decorre de uma estratégia de poder com condicionamentos à liberdade de opinião, à extinção do debate interno e à imposição, de facto, do pensamento único”.
De recordar que Orlando Dias tem sido uma voz crítica à liderança partidária de Ulisses Correia e Silva. Em 2021, após as eleições presidenciais o deputado do MpD lançou críticas ao que entende ser uma tentativa de esvaziamento de poder dos órgãos do partido.
“Desde 2004 que o meu partido não realiza convenções com disputa para a liderança, penso que uma formação politíca da democracia e liberdade a coisa que deve defenderem primeiro é a democracia sobretudo a interna, por isso penso que a próxima reunião magna deve ter candidatos na corrida, neste sentido estaria disponível a liderar uma candidatura à liderança do MPD”, disse Orlando Dias após a derrota de Carlos Veiga nas eleições presidenciais de 2021.
Também no parlamento Dias tem sido visto como uma voz inconveniente no seio do partido que sustenta o governo defendendo que o governo deve ser o primeiro exemplo quando pede aos cidadãos para diminuírem os gastos por causa das crises que atingiram o país. O Estado, defendeu Orlando Dias em Junho do ano passado citado pelo jornal A Nação, se não der um exemplo de contenção “não tem moral para pedir sacrifícios às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos”.