Em conferência de imprensa realizada hoje, na sede local do partido, Adilson Graça advertiu que São Vicente é uma das ilhas onde se registam os maiores problemas políticos, sociais e económicos no país.
“As cinturas de pobreza da ilha escondem situações de miserabilidade que não podem ser aceites e têm de ser denunciadas. Situações que têm levado ao insucesso e abandono escolar, ao aumento de pessoas a viverem de e na prostituição e ao aumento de pessoas a pedirem nas ruas da cidade. Quando as pessoas passam fome, acabam por recorrer a qualquer trunfo pá escapá chitada d’fome”, denuncia.
O presidente da CPR do PAICV em São Vicente nota que não se pode ignorar a relação directa entre pobreza e criminalidade, apontando que os índices de criminalidade alcançaram “níveis alarmantes”.
“São Vicente já conheceu os melhores dias. Já houve tempo em que se poderia andar pelas ruas da ilha sem nos preocuparmos com a possibilidade de sermos assaltados ou sofrermos algum ‘cassu body’, com o perigo de sermos espancados violentamente. Voltamos a ouvir falar de assaltos às casas das pessoas e a estabelecimentos comerciais. Assaltos mais arrojados em termos técnicos e também assaltos mais violentos. Voltamos a ouvir falar de perdas de vidas humanas, particularmente de jovens na flor da idade, jovens que poderiam ser o futuro da ilha e do país. Os conflitos entre os grupos rivais voltaram a ser uma realidade em São Vicente”, alerta.
Para o responsável, está-se perante uma “época perdida” em termos de direcionamento e orientação de políticas para o desenvolvimento da ilha.
“Ao contrário daquilo que a ilha demonstra como potencial de desenvolvimento nas mais diversas áreas, a nossa capacidade de criar e encetar projetos que possam fazer a ilha crescer e desenvolver tem sido muito reduzida e por vezes até inexistente. Os jovens, as famílias e as empresas em São Vicente vivem momentos difíceis, resultante de vários factores conjugados, com especial atenção para a falta de emprego, baixos salários e pelo aumento generalizado dos preços dos produtos e serviços”, afirma.
Adilson Graça garante que o PAICV está preocupado com aquilo que classifica de “descaso consciente” para com São Vicente e desafia os eleitos municipais "a cumprirem o seu compromisso com a ilha”.
“Queremos que a CMSV e o governo acordem e deem a cara, implementando medidas e ações de políticas económicas, sociais e de ensino que contrariam a contínua degradação da situação das famílias e, assim, evitar a depressão social generalizada. Novamente, pedimos que coloquemos as nossas diferenças pessoais, ideológicas e partidárias de lado e foquemos na resolução dos problemas de São Vicente”, conclui.