A constatação é da porta-voz dos deputados eleitos nas listas do PAICV, Carla Carvalho, que falava em declarações à Inforpress, após uma visita ao interior de Santiago, para se inteirar do arranque do novo ano lectivo, no âmbito da preparação do debate com o ministro da Educação, Amadeu Cruz.
Os parlamentares do principal partido da oposição visitaram os agrupamentos escolares e reuniram-se com os delegados do Ministério da Educação, directores e responsáveis dos municípios de São Lourenço dos Órgãos e São Miguel, para constatar “in loco” o início do ano lectivo, os desafios e constrangimentos do sector na região Santiago Norte.
“A organização dos agrupamentos é para reverter (…). Para Santiago Norte essa forma de organização escolar não serve, tendo em conta toda a dispersão geográfica e demanda das famílias”, observou, lembrando que este modelo tem suscitado reclamações dos pais e encarregados de educação, responsáveis da educação, professores e dos sindicados dos professores.
“Por isso, é preciso rever a questão dos agrupamentos”, insistiu Carla Carvalho, que prometeu levar esta questão em sede do Parlamento para reforçar este pedido dos pais e encarregados de educação, responsáveis da educação, professores e de sindicado dos professores.
Segundo a parlamentar, as avaliações feitas até o momento apontam que a implementação do sistema de agrupamento escolar não tem sido “positiva” e nem tem alcançado os seus objectivos preconizados.
O sistema de agrupamento escolar, segundo Carla Carvalho, tem colocado em causa a qualidade do ensino, tendo em conta que, por causa da orografia da região Santiago Norte, os professores fazem deslocações para várias localidades.
Relativamente ao ano lectivo 2023/2024, a deputada do PAICV disse que arrancou na “medida do possível”, com alguma tranquilidade, não obstante, a falta de professores em algumas escolas.
Entretanto, a também presidente da Comissão Política Regional (CPR) do PAICV em Santiago Norte mostrou-se preocupada com o facto de muitos alunos de famílias carenciadas ainda estarem sem materiais escolares.
A este propósito, pediu a intervenção do Governo e do próprio ministro da Educação, Amadeu Cruz, visando aumentar os kits escolares distribuídos pela Fundação Cabo-verdiana de Ação Social Escolar (FICASE), que notou têm sido insuficientes em Santiago Norte.
A deputada apontou ainda outras preocupações, nomeadamente, o estado de degradação de muitas escolas, tendo pedido reabilitação das mesmas, construção de pátios e placas desportivas para que os alunos possam praticar o desporto e brincar, para que não fiquem confinados apenas a sala de aula.
Na ocasião, Carla Carvalho, que lembrou que o Governo e o próprio INE disseram que Cabo Verde cresceu 17 por cento (%), pediu ao Executivo para aumentar o salário de todos os funcionários públicos e rendimento das famílias para que estes possam ter dinheiro para comprar materiais escolares para os seus filhos.