“A mobilidade laboral hoje é competitiva, há procura e há oferta”, frisou Ulisses Correia e Silva, na segunda sessão ordinária de Junho, do parlamento, em resposta ao maior partido da oposição, que alertou para a “saída em massa” de jovens do país.
O líder parlamentar do PAICV, João Batista Pereira, sugeriu concursos públicos no acesso aos cargos de direcção no país, por entender que é um dos factores que têm levado jovens a emigrar.
Para o chefe do Governo, as saídas profissionais de Cabo Verde, particularmente para Portugal, é algo que acontece com vários outros países.
Relativamente a Cabo Verde, explicou que “não é fruto de falta de condições” no arquipélago, mas sim das “novas oportunidades” que se abrem nos países de destino.
O primeiro-ministro disse que o acordo de mobilidade com Portugal garante formação profissional aos jovens, para trabalharem com acesso a direitos laborais, como segurança social e cobertura médica medicamentosa.
Os governos cabo-verdiano e português assinaram em 19 de Outubro de 2022, na Praia, um memorando de entendimento sobre mobilidade laboral, numa altura de uma grande procura de vistos e trabalho por parte de cabo-verdianos para o país europeu.
Também se tem multiplicado as acções de recrutamento de empresas portuguesas no arquipélago africano, na sequência da ratificação do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da alteração da lei de vistos em Portugal.
Em Dezembro, Portugal anunciou que vai investir quatro milhões de euros nos próximos dois anos em centros de excelência para formação profissional em Cabo Verde, pretendendo chegar a cerca de 2.000 pessoas em diversas áreas, que depois poderão trabalhar em qualquer parte do mundo.
Dos quase 18.000 cabo-verdianos que emigraram nos cinco anos anteriores (2015 a 2020) ao recenseamento geral da população realizado no ano anterior, 61,9% foram para Portugal, segundo dados compilados pela Lusa em Dezembro de 2022 a partir do relatório sobre migrações do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Cabo Verde.
Do total, 3.196 (17,8%) foram para os Estados Unidos e 1.182 (6,6%) para França.
O mesmo documento concluiu que, da população que saiu do país, apenas um quinto (20%) saiu à procura de trabalho, enquanto a maioria foi para estudar (39,6%), para agrupamento familiar (23,4%) e por motivos de saúde (9,4%).