Acusação feita durante uma conferência de imprensa.
“Sem uma política de transporte regular e eficiente não podemos falar do desenvolvimento económico e social do Maio. A ilha já não suporta este isolamento imposto pela deficiente ligação marítima e aérea com o resto do país”, afirmou.
“O Governo de Cabo Verde e demais órgãos do poder não podem continuar esta atitude de avestruz, ou seja, continuar com a cabeça escondida, quando o corpo inteiro está de fora, para desespero de toda uma ilha e todo um povo trabalhador, honesto, pagador de impostos e cumpridor dos seus deveres de cidadãos”, sublinhou.
Segundo Rely Brito, a instabilidade nas ligações entre Maio e Santiago tem-se agravado nas últimas semanas, com sucessivos cancelamentos de voos, atrasos de ferries e alterações de horários de última hora.
“Estas perturbações deixaram de ser incidentes isolados para se tornarem uma realidade diária que pesa fortemente na nossa vida coletiva”, lamentou.
O impacto, frisou, é visível em várias frentes. “Muitos de nós dependemos dos transportes para aceder a cuidados médicos, para reunir com as nossas famílias ou para prosseguir os estudos fora da ilha. Quando um voo é cancelado ou um ferry chega de madrugada, toda uma organização familiar e profissional é desfeita”, apontou.
No sector económico, os prejuízos também se acumulam com os atrasos na chegada de mercadorias que afectam o comércio local e fazem subir os preços, enquanto a incerteza nas ligações afasta potenciais investidores e turistas.
“Esta instabilidade fragiliza as pequenas empresas, ameaça o emprego na ilha e, em consequência, o consumo. O turismo, motor chave da nossa economia, está em risco”, alertou.
Perante este cenário, a Câmara Municipal do Maio reclama medidas concretas por parte do Governo. Entre as propostas apresentadas estão a implementação de um calendário de transportes fiável, com horários cumpridos e comunicação eficaz; apoio directo a comerciantes e profissionais do turismo afectados; e a criação de um comité local de acompanhamento dos transportes, com representantes da autarquia, utentes e operadores.
“O transporte está na base da pirâmide das necessidades da nossa ilha. Sem transporte, não conseguiremos satisfazer as necessidades mais básicas da vida comunitária. A partir deste momento não deixaremos de falar, de exigir e de dar a cara neste processo”, assegurou.