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A denúncia foi feita pela deputada do PAICV Eveline Ramos durante a declaração política na última sessão parlamentar do mês de Julho e que decorre até sexta-feira, 31.
Esta reunião plenária marca o encerramento do ano parlamentar e terá como ponto alto o debate sobre o Estado da Nação, justamente na sexta-feira, 31, com a presença do primeiro-ministro.
“O Governo do MpD falhou redondamente na política de mobilização de água em Cabo Verde. Prometeu muito e concretizou pouco. Descontinuou projectos estruturantes, como o plano de abastecimento de água da Ilha de Santiago, que previa a instalação de 12 dessalinizadoras, com impacto directo no consumo e na agricultura.
Hoje, comunidades inteiras vivem sem água canalizada durante dias, semanas, e até meses. Nem a cidade da Praia está imune a esta realidade”, denunciou a deputada Eveline Ramos.
A parlamentar do maior partido da oposição defendeu que o Governo não só descontinuou projectos estruturantes deixados pelo Governo do PAICV, como também tem demonstrado “falta de visão estratégica” para o sector da água.
“Água é vida, é dignidade, é desenvolvimento, por isso deve ser um direito e não um privilégio”, afirmou Eveline Ramos.
A deputada sublinhou que o Governo anterior do PAICV deixou planos e investimentos em curso para garantir o acesso sustentável à água, com destaque para a instalação de uma das maiores unidades de dessalinização da região, na cidade da Praia, com capacidade para produzir 20 mil metros cúbicos/dia.
O projecto incluía ainda investimentos em reservatórios, redes de distribuição e perfurações em todo o território.
Um dos exemplos mencionados pela deputada foi o projeto de abastecimento de água da Ilha de Santiago, acordado com o GICA, em 2013, que previa a instalação de 12 dessalinizadoras, entre elas unidades na Praia e em São Miguel.
“Este projecto visava garantir água para consumo e agricultura, com impacto directo na segurança alimentar e no empoderamento dos nossos agricultores”, destacou.
Segundo Eveline Ramos, o actual Governo “optou pela propaganda em vez da execução” e não deu continuidade a este plano.
Como consequência, referiu, “várias comunidades vivem hoje situações críticas”, com populações que passam dias ou semanas sem água canalizada, incluindo na capital do país.
A parlamentar do PAICV denunciou ainda o “abandono de infraestruturas hidráulicas” herdadas de anteriores governações, como barragens e sistemas de rega, bem como a inoperância da empresa Água de Rega.
“É urgente retomar os projectos abandonados e implementar um plano nacional de emergência para apoiar as comunidades mais afectadas pela falta de água”, afiançou.
Por seu lado, o deputado da UCID, António Monteiro, alertou também para a gravidade do problema da água em Cabo Verde, especialmente na ilha de Santiago, e defendeu que, passados 50 anos da independência, o país já deveria ter este desafio resolvido.
Lamentou que ainda existam ilhas com “sérias dificuldades” e considerou “inaceitável a persistência do problema”.
Criticando a morosidade das soluções, António Monteiro recordou que há mais de 15 anos se fala do programa GICA para a ilha de Santiago, sem resultados concretos. “Continuamos ainda a falar, falar, falar e a não ter as soluções possíveis”, disse, apelando ao Governo para que resolva de forma definitiva a problemática da água no país.
