“Que o teatro quebre barreiras. Que a arte nos una”. É com este lema que a companhia Fladu Fla está a celebrar o mês dedicado ao teatro, tendo chamado para assinalar o momento alguns grupos e performers da cidade da Praia.
Juntos, criaram um programa recheado de actividades e que teve início a 14 de Março com um ensaio aberto da companhia seguido de uma peça do grupo de comédia CV Nóia, no Palácio da Cultura Ildo Lobo.
Com espectáculos a prolongarem-se para lá do Dia Mundial do Teatro, a 27 de Março, o programa traz diversidade. Entre comédias, dramas e tragédias, há lugar para momentos pensados para o público infantil. É o caso do musical Vicky e Joel, protagonizado pelos cantores Márcia Barros e Djam Neguim e também das sessões de histórias contadas pelas actrizes Elisabeth Gonçalves (Prémio Mérito Teatral 2019), Dulce Sequeira e Nereida.
Com todos os grupos convidados – onde inclui-se ainda a trupe circense Enigma, que se apresenta amanhã em Santa Cruz e o grupo Abadá Capoeira – Fladu Fla está a realizar pequenas oficinas de expressão corporal, incidindo sobretudo na expressão facial.
“A nossa ideia é aproveitar este momento para uma interacção com outros grupos e ajudá-los a conjugar aquilo que já fazem com o teatro, fazê-los aproveitar as técnicas do teatro naquilo que fazem”, diz Sabino Baessa, o criador e mentor da companhia Fladu Fla.
Outra preocupação que moveu os organizadores da iniciativa prende-se com a localização dos espectáculos.
“Quisemos diversificar o mais possível os locais a receber as actividades, descentralizar e por isso mesmo começamos antes em São Domingos e a maior parte das actividades vai ser em Santa Cruz”.
Assim, a cidade de Pedra Badejo, em Santa Cruz, recebe a partir de hoje o musical Vicky e Joel, a performance dos Enigma e os espectáculos do Fladu Fla “Fronta é Ka So Agu Ku Lumi” (adaptação do sucesso brasileiro “Auto da Compadecida”) e o teatro de rua Revolta de Escravos, em parceria com o grupo Abadá Capoeira.
Mesmo na Cidade da Praia os espectáculos aconteceram e vão continuar a realizar-se em espaços diversos, como o Palácio da Cultura, o Centro Cultural Português, o Mercado do Plateau e sobretudo as escolas de alguns dos bairros da capital (Achada São Filipe, Achadinha, Achada Grande Frente e Calabaceira).
Sabino Baessa explica que a descentralização é uma estratégia.
“Queremos dinamizar o teatro nos bairros e para isso optamos por envolver as escolas, os liceus. Conseguimos a inscrição de mais de 200 jovens para as formações que vamos ministrar no âmbito do programa Bolsa de Acesso á Cultura, do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas. Queremos dar aos nossos formandos as ferramentas para que possam depois eles próprios criarem grupos e criarem teatro nas comunidades”.
TeArti
Voltando ao programa montado e depois do fim-de-semana preenchido em Santa Cruz, o Dia do Teatro será celebrado com um grande ensaio aberto na rua pedonal 5 de Julho e a encenação da peça “Jornada di Badiu” no Mercado do Plateau.
Criada em 2002, essa foi a peça que popularizou os Fladu Fla merecendo grande apreciação do público, sobretudo “pela beleza da expressão oral típica de Santiago, denominado Kombersu Sabi”. Esta versão agora mais curta já tinha sido apresentada na Noite Branca.
Com os eventos do Março Mês do Teatro ainda a decorrer, Fladu Fla já está a trabalhar na próxima edição do TeArti – Festival de Teatro do Atlântico, contando ter a programação do evento, que se realiza em Outubro, fechada em Julho.
Sem querer revelar muito, Sabino Baessa afirma estarem confirmadas as participações de companhias de Brasil e Portugal. Espanha, que ano passado participou com o Projecto Garcia Lorca – “Viagem da Lua e Areia”, com actores cabo-verdianos, já manifestou interesse em trazer este ano um grupo espanhol.
A organização mostra-se confiante de que Angola, Cuba, Guiné-Bissau e São Tomé repitam a sua participação, para além de contar com grupos nacionais.