A 58ª produção teatral do grupo é interpretada por cinco mulheres, que são também co-produtoras de um trabalho que partiu de um guião de narrativa dramatúrgica escrito pelo produtor Jeff Hesney.
Janaína Alves, uma das intérpretes e co-produtoras, explica que “SonhaDor” trata a questão do isolamento, tendo como base a ilha de Santo Antão.
“A base da pesquisa veio de Santo Antão. Queremos falar do isolamento das ilhas, da mulher e como é que ela lida com os sentimentos, a força, a despedida, a morte, o amor, a busca pela felicidade o tempo todo. Mas também tem um carácter de discussão social muito forte. Tentamos mostrar que a mulher não é lesada, ela também discute política, quer questionar as coisas que estão mal feitas. Levamos essa força discursiva para o espectáculo. Tem também muita festa à volta disso tudo, afinal somos um país que gosta de festejar bastante”, explica.
Segundo a actriz, a peça é uma narrativa aberta, ao mesmo tempo que suscita em cada espectador uma interpretação diferente. A perspectiva de sonho em Cabo Verde é um dos temas que também foi trabalhado.
“O próprio nome é isso, o sonho, a dor, serem mulheres que sonham o tempo todo. A personagem sonha o tempo todo. A perspectiva do sonho em Cabo Verde foi um dos temas que trabalhámos bastante num período de construção da narrativa do espectáculo. Somos todos ‘sonhas’, temos todas o mesmo nome”, refere.
Lisa Reis é outra das cinco interpretes. Explica que “SonhaDor” também mostra a amplitude do universo da mulher.
“O importante deste trabalho é, dentro do universo feminino, falar exactamente que a mulher não está sempre acompanhada de um homem, e que tem um universo muito para além disso. É mostrar até onde vamos e tudo o que fazemos”, diz.
O elenco da peça é constituído por três actrizes, uma cantora e uma bailarina, sendo que todas saem da sua zona de conforto.
A encenação é de João Branco e a iluminação de Edson Fortes.
O espectáculo pode ser visto hoje e amanhã, às 21 horas, na Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo (ALAIM).
Em Setembro, a China será o próximo palco.