Jorge Carlos Fonseca sublinhou que esta deve ser a primeira vez na História em que o Dia Mundial do Livro se comemora num clima de confinamento por causa de uma pandemia.
“Com grande parte do mundo em casa, como forma de prevenir e combater ao contágio do Covid 19, o tempo para o livro e a leitura cresceu, de um momento para o outro”.
E os livros, em especial aqueles há muito comprados e meio esquecidos nas prateleiras, tiveram novas oportunidades, segundos olhares, maior tolerância da nossa parte.
“Os outros, abandonados a meio, numa luta passada com o leitor, ganham nova capacidade de atracção e seduzem-nos, lá onde a pouca paciência e a correria do dia-a-dia os derrotara”.
Segundo o chefe de Estado, com à falta de livrarias abertas, descobrimos pérolas, jóias nas bibliotecas das nossas salas, no escritório, que nem sabíamos que tínhamos.
“Voltamos a pegar nos clássicos e nos fiéis companheiros, aqueles de que nunca nos afastámos, às páginas que deixaram a sua marca gravada em nós ou que definiram o nosso pensamento e o nosso percurso literário”.
Jorge Carlos Fonseca acredita que o tempo se desacelerou, deixou de nos empurrar, de impor as suas regras, “entramos pelas páginas sem amarras e dispostos a fazer deste encontro com a leitura e os livros um espaço de prazer agora redobrado, e uma barreira contra a ansiedade, o desconhecido, o medo”.
“Para os que amam os livros, o acto de leitura é profiláctico, apaziguador, um calmante para as horas difíceis que atravessamos, uma forma de estreitar o distanciamento social imposto.E aqui, tanto pode servir para escaparmos, momentaneamente, aos tempos conturbados, ou para aproveitar para aprender, descobrir, abrirmo-nos ao outro que nos fala através aquelas páginas, e que nunca imaginou como viria a ser tão importante”, frisa.
Conforme o chefe de Estado, haveremos de voltar a sair, visitar livrarias, ler em público, assinar livros, pedir autógrafos, assistir a lançamentos de obras, escutar os autores, recuperar esse tempo mágico, em que tudo era possível.
“Para já, e neste dia muito especial, eles continuam connosco, continuamos inseparáveis como sempre, desde as primeiras letras, das primeiras histórias, primeiras frases, primeiros versos”, assinala.
E que façamos do livro uma festa e nos conectemos através das páginas, e viajemos todos dessas máquinas do tempo e do sonho.