Presidente da República enaltece a Língua Materna

PorExpresso das Ilhas,21 fev 2020 11:08

Na sua mensagem no Dia Internacional da Língua Materna, Jorge Carlos Fonseca enaltece a importância da língua materna em tudo que fazemos no nosso dia-a-dia. Num texto poético, de elogio à língua cabo-verdiana, o chefe de Estado insta ainda a que se "acelerem os mecanismos e se apurem os instrumentos" para a sua oficialização.

“Não há nada que nos possa aproximar mais daqueles de que gostamos, nossos pais, filhos, irmãos, família e amigos do que a nossa língua materna. Não há sonho, desejo ou pensamento mais intrínseco e cúmplice do que aquele que é expresso ou sentido na nossa língua”, sublinha.

Segundo o Chefe de Estado, a língua será, talvez, o músculo mais importante de todo o nosso corpo. “Permite-nos aquilo que é um dado adquirido e sequer nos lembramos desse facto. Com ela construímos frases e ideias, que descendem dos primeiros cantos com que imitámos a natureza em volta. Nela nos refugiamos quando, fora da pátria, nos cansamos das outras, meramente ou institucionalmente utilitárias”.

Numa mensagem de forte carga poética, Jorge Carlos Fonseca escreve que a língua é a chave que abre as portas do conhecimento, “como se disse muitas vezes; a entrada para o jogo do pião, do arco de correr, da galinha espantada pelo quintal, de campeonato de futebol entre bairros, ou do voo inescapável de uma garça ou de avião”.

“Mas também para um jogo de vídeo ou troca de mensagem no telemóvel, declaração de amor; para uma boda e festa de aniversário, festa popular, ‘guarda-cabeça’ ou funeral; para o abraço de quem chega, as lágrimas de quem parte, o invólucro da esperança e fé. É, também, a tessitura, o recheio, o corpo da nossa Morna. Aqui ela atinge todo o seu esplendor poético e nostálgico, resumindo toda a nossa dimensão como povo”, diz.

A nossa língua materna, conforme Jorge Carlos Fonseca é a carícia do regaço da nossa avó e o universo de estórias ao entardecer, mas também é o mundo longe e complexo entrando por nós, traduzido em nossos vocábulos, descodificado, ponderado, sopesado, medido, incorporado na nossa maneira de espreitar essa janela imensa do horizonte.

Falando sobre as particularidades de cada variante, frisa o Presidente: “em cada ilha, uma língua própria da nossa língua-mãe; cada ilha com o seu modo de a mastigar, saborear, crispar, incidir, moldar ao quotidiano e requebro do dia e da noite, cutelo, do vale e da achada, do porto e da aldeia, da cidade e do campo”.

Neste elogio que tece à Língua Materna, Jorge Carlos Fonseca afirma conhecee a riqueza do crioulo, as suas belas expressões, o seu doce burilar de ideias, suas palavras antigas, mas firmes, sábias e reconfortantes; o uso que da língua materna fazem os nossos homens e mulheres.

“Registo os seus nomes, trago comigo a sua generosidade e o encanto das suas vozes, dos seus sorrisos, da amizade franca. Ficam-me as palavras que compõem esses momentos, esses pedaços de vida. O afago da nossa língua materna. De um povo feliz sem mácula, que se fez continua a fazer-se, sobretudo, através da língua”, acrescenta.

O Chefe de Estado termina a sua loa instando a que se acelerem os mecanismos e se apurem os instrumentos de realização da Constituição da República.

A Constituição da República, recorde-se, prevê e promove a oficialização do crioulo cabo-verdiano como língua oficial, a par com a Língua Portuguesa.

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Autoria:Expresso das Ilhas,21 fev 2020 11:08

Editado porSara Almeida  em  17 nov 2020 23:21

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