Em conferência de imprensa proferida no Centro Cultural do Mindelo, para apresentar os detalhes do festival, o responsável destacou a presença forte do continente africano nesta edição.
“Neste conjunto de países sublinhamos a presença fortíssima do continente africano, o que nos apraz muito. Nós vamos ter, por exemplo, artistas do Togo e da África do Sul a apresentarem-se no festival pela primeira vez em 27 anos. Também pela primeira vez em 27 anos teremos um espetáculo oriundo dos Estados Unidos da América. São caminhos e contactos que vão ampliando esta tal rede de afectos que nós sempre falamos há muitos anos deste festival”, realça.
Nesta que é denominada de “Edição Esperança”, praticamente todos os espectáculos serão presenciais, excepto a programação teatro digital e teatro radiofónico.
“É importante sempre sublinhar que o teatro digital não é a filmagem e transmissão de gravações de peças de teatro. São produtos criativos, artísticos, concebidos especificamente para serem transmitidos online e em directo. O teatro radiofónico terá uma ampla programação composta por três blocos de peças, e nós esperamos que isso possa servir para revitalizar um pouco essa tradição que nós já tivemos aqui em Cabo Verde do teatro radiofónico”, aposta.
“Teatro na Praça” e "Festival Off” são duas componentes da programação que, por questões relacionadas com a maior dificuldade de controlo de aglomerações, foram dispensadas este ano.
Esta edição, que retoma a extensão Mindelact na Praia, arranca no dia de Novembro com a estreia nacional “Aurora Negra”, um espetáculo vencedor da segunda edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, do Teatro Nacional D. Maria II, que nasce da constatação da invisibilidade a que os corpos negros estão sujeitos nas artes performativas. Em cena estarão três mulheres de Cabo Verde, Angola e Portugal, na condição de estrangeiras, onde são faladas crioulo, tchokwe e português.
De acordo com a programação, o Mindelact 2021 encerra com UNA, uma pesquisa performativa sobre o HIV, baseada em questões biográficas, biomédicas e sociopolíticas. São nove dias de espectáculos de com artistas oriundos das diferentes ilhas de Cabo Verde e de países de três continentes.
João Branco espera sala cheia durante os espetáculos, e garante que todas as medidas sanitárias serão respeitadas, nomeadamente a apresentação de teste negativo a covid-19 ou apresentação de certificado de vacinação, assim como a higienização das mãos e uso de máscaras. O Mindelact 2021 será dedicado à memória da ativista cultural Samira Pereira, que foi uma colaboradora assídua do festival durante muitos anos, e que faleceu este ano, vítima de covid-19.