IPC anuncia vários projectos para este ano

PorDulcina Mendes,30 jan 2022 7:57

O Instituto do Património Cultural (IPC) tem vários projectos para serem executados este ano, e um deles é a candidatura da Tabanca a Património Cultural e Imaterial da Humanidade.  O presidente do IPC Jair Fernandes enumerou ainda ao Expresso das Ilhas outros projectos em carteira.

“Já temos uma equipa montada e é importante realçar que desde 2017 o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através do IPC, tem estado a desenvolver o Projecto de Salvaguarda da Tabanca que é trabalhar com os grupos e dinamizá-los, e por outro lado, empoderar os grupos com pequenos subsídios e acompanhamento que tem sido feito desde 2017”, indicou Jair Fernandes.

Avançou que a curto prazo será montado o Dossiê de Candidatura da Tabanca e posteriormente, assim como a Morna, será apresentado à UNESCO. “Neste sentido, já foi feito o inventário de todos os grupos da Tabanca a nível nacional que receberão um subsídio anual de 200 contos que será atribuído aos grupos de tabanca”.

Outros projectos

“Para este ano destacamos aqui alguns projectos que da nossa perspectiva trarão a consolidação de alguns processos, nomeadamente o relançamento da Cidade Velha enquanto Património Mundial. O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente já anunciou alguns desses financiamentos”, informou.

Segundo Jair Fernandes, trata-se do financiamento do Japão para projectos relacionados com o empreendedorismo jovem e o empoderamento pós-COVID das mulheres da Cidade Velha. O presidente do IPC destacou também a reabilitação do Forte São Veríssimo, a musealização no sítio da Capela de Nossa Senhora da Conceição, projectos esses orçados no valor de 17 mil contos cujos montantes já encontram na conta do IPC no Tesouro e estão prontos para serem executados.

“Já estamos a trabalhar toda a planificação permitindo logo no início do mês de Fevereiro ter equipas em várias frentes de trabalho. Também gostaria de destacar a possibilidade de termos novamente equipas internacionais, nomeadamente da Universidade de Cambridge, que irá suportar, pelo menos, dois projectos de intervenção a nível de arqueologia.

Ainda para a Cidade Velha, Jair Fernandes anunciou outros projectos como a requalificação urbana de toda a cidade. “Já estava inscrito no Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidades (PRRA), mas, por causa da COVID-19, houve necessidade de repensar e reformatar o próprio projecto, cujo arranque será brevemente anunciado”.

“Relativamente à Cidade Velha iremos, para além desses roteiros que acabei de mencionar, já temos com o Ministério da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social sobre a mesa o projecto Cidade Velha, Património, Igualdade e Desenvolvimento destinado ao empoderamento das mulheres”, avançou.

Também no sítio histórico será retomado o projecto Campus Arqueológico da Cidade Velha, que visa várias intervenções arqueológicas em simultâneo, num espaço temporal de cinco anos e vão iniciar-se ainda este ano. “Posteriormente vamos dar à luz com a publicação, fóruns e conferências, sobretudo para visitação dos turistas estrangeiros e nacionais que aportam a Cidade Velha”.

Museus

A nível dos museus informou que o IPC irá retomar o processo com a família da cantora Cesária Évora e com a Câmara Municipal de São Vicente para aquisição da casa onde a cantora morava.

Outro projecto museológico que também já foi apresentado pelo ministro da Cultura é o Centro Interpretativo da Língua e da Palavra a ser montado na Cidade Velha. Com o Ministério das Comunidades o IPC está a trabalhar um outro projecto que no segundo semestre deste ano será anunciado.

Relativamente ao Museu da Cidade do Mindelo, Jair Fernandes frisou que há um projecto já com financiamento do Banco Mundial. “A ideia é reaproveitar a réplica da Torre de Belém onde neste momento temos o Museu do Mar para criar o Museu da Cidade do Mindelo”.

Outros planos

Outra actividade incluída no plano deste ano, conforme afirmou, é a retoma da investigação histórica, sócio antropológica, não só subsidiando os grandes projectos dos museus e projectos a nível do património construído, mas também do património imaterial.

A retoma dos projectos de reabilitação do património disse que será para o segundo semestre deste ano.

Jair Fernandes informou que alguns projectos já têm financiamento garantido nomeadamente o Aqueduto Ponte de Canal, na ilha de Santo Antão. “Já tem financiamento garantido e por se tratar de um monumento com valor histórico e social de extrema relevância para a ilha de Santo Antão é a grande prioridade para o presente ano”.

Também indicou a retoma do projecto da candidatura do Parque Natural de Cova, no concelho do Paúl e Ribeira da Torre, concelho do Ribeira Grande, ambos na ilha Santo Antão que foi galardoado em 2019 com o prémio internacional “Melina Mercouri”. “Iremos retomar as actividades no quadro deste projecto implementando aqui algumas acções, nomeadamente a sensibilização contínua da comunidade junto da gestão do Parque e da montagem do centro interpretativo”.

Cimboa

No caso da Cimboa afirmou que já há financiamento, através do programa Pró-Cultura da União Europeia e do Instituto Camões, para desenvolver um projecto no município de São Domingos. “É um projecto financiado em cerca de 4 mil contos, pressupondo uma visão muito estratégica que pode posteriormente almejar a sua inscrição na lista do património cultural e imaterial da humanidade, mas isso estamos a falar a médio e longo prazo”.

Prémios e bolsas de investigação são outros projectos que constam do plano para este ano. Neste sentido, o presidente do IPC sublinhou que estão a pensar em lançar ainda este ano alguns editais. “Este ano, pensamos lançar dois ou três editais, promovendo assim a interação entre investigadores autônomos e fora do quadro da instituição e a própria instituição”.

Este ano, o IPC pretende ainda lançar a sua revista, com o objectivo de estimular a produção científica da instituição. Mas isso, conforme indicou, será para o segundo semestre deste ano.

Sobre o Centro Interpretativo dos Rabelados lembrou que o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas já tinha anunciado no ano passado (2021) a ideia deste projecto.

Campo de Concentração do Tarrafal

No caso da candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial, salientou que a UNESCO suspendeu temporariamente a inscrição de sítios de memória, sobretudo da história contemporânea, por se tratar de monumentos, espaços e de história em que os protagonistas ainda estão vivos.

Entretanto anunciou que o IPC vai continuar com esse processo, até porque o Governo, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, assinou um memorando de entendimento com o Ministério da Cultura de Portugal, para dar início ao trabalho em conjunto. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1052 de 26 de Janeiro de 2022. 

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Autoria:Dulcina Mendes,30 jan 2022 7:57

Editado porAndre Amaral  em  21 out 2022 23:28

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