Segundo Abraão Vicente, que presidiu ao acto da inauguração da referida exposição, a mostra de obras da artista plástica Luísa Queirós é a primeira de três exposições dos três “grandes nomes” que dão nome às três principais salas do CNAD.
“E eu creio que esse resgate que nós fizemos não foi detalhadamente explicado, mas foi um trabalho intenso com o filho, que basicamente é proprietário da grande maioria da coleção aqui presente, fomos buscar algumas peças que fazem parte da coleção do Estado, como é a obra o Biombo que está ao fundo exposto, tivemos a intervenção do artista Nóia (Fernando de Morais) que fez a reabilitação de grande parte das obras”, explicou.
Abraão Vicente informou ainda que, além do filho, a montagem da exposição contou com o apoio do marido da falecida artista
Segundo o governante, “Ilha em IV atos” “é a prova maior de que temos artes plásticas de qualidade em Cabo Verde”, pelo que pediu aos “jovens artistas para visitarem a exposição para se aperceberem que não estão, em muitos casos, a inventar nenhuma nova narrativa”
“Já foi inventada, já foi feita. são artistas que se formaram nos anos 60 e os anos 70, 80 e 90 constituíram aquilo que é a base das artes plásticas cabo-verdianas. Eu sou um admirador confesso do trabalho da Luísa porque retrata como nenhum imaginário telúrico, literário”, acrescentou ainda a mesma fonte para quem esta exposição poderia estar em qualquer outro grande museu do mundo.
A artista plástica Luísa Queirós faleceu em junho de 2017 no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, onde se encontrava internada.
Mas, em vida, destacou-se como uma figura das artes plásticas cabo-verdiana e investigadora, tendo participado, em 1978, na criação do Centro Nacional de Artesanato, onde leccionou tecelagem, tapeçaria e batik.
Desde os anos 1970 tem-se distinguido como criadora de marionetes, ilustradora de livros, revistas e capas de discos. Em 1992 criou a Galeria ” Azul+Azul=Verde” com Bela Duarte.
Natural de Lisboa e esposa do também artista plástico cabo-verdiano Manuel Figueira, Luísa Queirós e o marido residiam em Cabo Verde desde 1975. Em 1964 concluiu o Curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa como estudante bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian.
Entre 1964 e 1977 leccionou Educação Visual em Lisboa e São Vicente, sendo que em 1976 participou na criação da Cooperativa Resistência, no Mindelo, onde iniciou a sua actividade como tecelã.
Luísa Queirós realizou, desde 1970, perto de dezena e meia de exposições individuais e participou em mais de vinte exposições colectivas, em Cabo-Verde, Portugal, América Latina e Europa, estando a sua obra representada em várias colecções públicas e privadas.
Em 2006, a Assembleia Geral da Associação Mindelact galardoou a artista plástica com o Prémio de Mérito Teatral. As razões desta atribuição prendem-se com o seu trabalho na componente da ilustração de cartazes, programas e logótipos teatrais.