Pelo caminho, Kalu de Nhô Roque foi publicando Kab Verd Band (2006), Bá d’ál na rádio – Memória da Rádio Barlavento (2019), Capítulos da Morna (2020) e variadíssimos textos sobre música cabo-verdiana, rock e jazz em diferentes jornais cabo-verdianos e antologias de música e vinhetas de CD, designadamente, “Cap Verd: Anthologie 1959-1992” (1993), lançado pela Buda Records na colecção “Musiques du Monde”; e “Cesária Évora Rádio Mindelo” (2008), “Bulimundo Djám Branco Dja” (2013), “Ildo Lobo A voz de ouro” (2016), editados pela Lusafrica.
Kab Verd Band AZ é o livro de uma vida e o culminar de uma carreira prolífica de Carlos Filipe Gonçalves, que começou na Rádio Barlavento, em São Vicente, quando tinha 16 anos, e terminou na Rádio Comercial, na Praia, onde exerceu o cargo de director, tendo-se destacado como produtor de programas radiofónicos e televisivos sobre música.
Kab Verd Band AZ
O livro é um objecto cultural visualmente muito bonito e corpulento que enche os olhos e pesa nas mãos, da capa, inspirada numa foto de Cesária Évora, à contracapa, com fotografia de instrumentos musicais e um texto-síntese de apresentação do livro:
“Kab Verd Band Música e Tradições é uma recolha de dados que constitui um verdadeiro ‘Dicionário da Música de Cabo Verde’. Contém mais de 3 mil entradas/verbetes; mais de 150 fotos, bem como quadros, tabelas e ilustrações diversas. Para além de músicos e compositores, o leitor descobrirá, por ordem alfabética, tradições cabo-verdianas, dados sobre investigadores e informações conexa indispensável/necessária para a compreensão/análise do universo musical cabo-verdiano. No final uma lista bibliográfica e de artigos publicados ao longo dos anos, bem como um reportório emblemático de composições”.
De um Kab Verd Band a outro
“De repente, caiu-me em cima da cabeça o peso da História da Música de Cabo Verde dos últimos cinquenta anos, sistematizada no livro Kab Verd Band (2006), que é o resultado de um debruçar profundo sobre a nossa música! Confesso que fiquei esmagado com a quantidade e a riqueza de informações, escrita e iconográfica, que eu simplesmente desconhecia ou de que já não me recordava”. Abria eu assim a apresentação do livro Kab Verd Band deixando cair o volumoso livro em cima da mesa com estrondo.
Concluo este texto da mesma forma e com a mesma ideia de que expressei na altura, porque ainda aplicável: “ponho na minha boca a frase que Carlos Gonçalves teria pudor em usar para não ser acusado de vitupério, ‘este é o livro que Cabo Verde precisa e a geração de Carlos Gonçalves aguardava dele! Sim, porque depois de tanto falar e escrever sobre a Música de Cabo Verde, seria um desperdício e uma falta grave se não se abalançasse a fazer algo de maior fôlego, recuperando e aprofundando esses escritos, passando dos ensaios (na dupla acepção do termo, esboço ou experimentação e estudo) para a obra’”.
Quinze anos se passaram desde então… e aqui está Kab Verd Band AZ, que completa e amplia o livro anterior.
Para a edição do livro foi fundamental o financiamento da Elevo Cabo Verde, empresa de um grupo internacional que opera nas nossas ilhas desde 1996, sem o qual não teria sido possível a obra vir à luz do dia.
Kab Verd Band AZ é apresentado na sexta-feira, dia 15, na Biblioteca Nacional, pelo sociólogo e investigador musical César Monteiro.