Em entrevista à Inforpress a partir de Portugal, esta terça-feira, Ana Seabra disse que pretende incutir nas atletas crioulas a importância de Cabo Verde apostar num projecto do desenvolvimento do andebol feminino, de modo que o País possa encarar o Campeonato Africano das Nações (CAN) com todo o entusiasmo e motivação.
“Apesar de sabermos que é um campeonato de dificuldades, forte, espero levar trabalho, disciplina, exigência, e, acima de tudo, a paixão pela modalidade e que as atletas sintam isto e essa minha vontade em ajudá-las”, revelou a nova timoneira nacional, que assegurou ter contactos com o campeonato africano através de Angola, onde já esteve a jogar.
Com 215 internacionalizações pelas selecções nacionais de Portugal, 176 delas pela selecção A, Ana Seabra, que fez parte da geração de ouro que conseguiu o inédito apuramento para o Campeonato da Europa de 2008, mostrou à Inforpress ter conhecimento do CAN, sublinhando que nesta montra alinham atletas provenientes de países que se destacam como Congo, França e Angola.
A nova timoneira cabo-verdiana da modalidade enalteceu a forma como estes países têm estado sempre nas competições e nos Jogos Olímpicos, afiançado mesmo ter já defrontado nos campeonatos do mundo da formação, as equipas africanas.
“Dá para ter uma ideia que, realmente, as equipas de África, são intensas a jogar. É de aproveitar o potencial e a capacidade das jogadoras cabo-verdianas nesse crescimento e que aproveitem a oportunidade dos jogos internacionais, para elas também desenvolverem o andebol de Cabo Verde e terem mais uma experiência internacional”, referiu.
Considerada uma das referências do andebol feminino português, Ana Seabra disse estar mais familiarizada com as jogadoras cabo-verdianas que militam nos clubes portugueses, pelo que espera conhecer melhor as atletas residentes a partir do dia 15, data da sua vinda ao arquipélago, para poder pôr na prática as suas ideais.
Almeja convocar algumas jogadoras cabo-verdianas que têm demonstrado valores e mais valia em Portugal, para a selecção nacional, ressalvando mesmo que gostaria de contar com os serviços de algumas, ainda que se mostre apreensiva com o prolongamento do campeonato português, por causa da pandemia da covid-19. O objectivo é associar a mais valia existente no País, para se formar o melhor conjunto.
“Quero chegar a Cabo Verde, conversar com os técnicos, ouvir um bocadinho o trabalho dos técnicos e da Federação e, juntando algumas ideias e algum daquilo que é o planeamento que estou a idealizar para poder ter, na próxima semana, coisas mais definidas e perceber a nossa realidade, de Cabo Verde, e perceber aquilo que pudermos em termos de trabalho realizar no Campeonato Africano”, disse.
Por isto, Ana Seabra promete tentar saber mais sobre as equipas adversárias de Cabo Verde, sobretudo na fase de grupo, designadamente Angola, Argélia e Congo, de modo a passar esta informação às atletas, pois afirmou ter já algum conhecimento do estilo e do potencial das jogadoras cabo-verdianas.
“Acho que é bom aproveitar todas estas valências e potenciar e introduzi-las no modelo do jogo que defendo e que gosto e, que pode ir ao encontro daquilo que também elas já fazem com algum cunho pessoal, mas aproveitando o trabalho também que os técnicos dali já fizeram porque não existe muito tempo”, asseverou a técnica lusitana.
Prometeu rentabilizar a equipa e processo para que Cabo Verde encare o CAN na sua máxima força, alegando que doravante, está comprometida em transmitir toda a sua experiência, para, a par do que os técnicos cabo-verdianos já fizeram, o nome de Cabo Verde seja honrado no CAN.
Ana Seabra agradeceu o convite da Federação por ter acreditado que pode ser útil ao desenvolvimento da selecção cabo-verdiana, e considera ser o momento do crescimento do andebol cabo-verdiano.
A selecção cabo-verdiana de andebol feminino partilha com as equipas nacionais de Angola, Congo e Argélia, o Grupo C do 24º Campeonato Africano das Nações que se realiza de 8 a 18 de Junho em Yaoundé, Camarões.