João Fidalgo falava à imprensa à margem de uma Conferência Nacional de Microfinanças, que acontece no âmbito da VI Semana Nacional de Microfinanças, que decorre desde o dia 26 até sexta-feira,30.
A questão do refinanciamento das IMF e a relação com a Banca e outras fontes de financiamento é o tema que hoje está em análise na conferência promovida pela Associação Profissional das Instituições de Microfinanças em Cabo Verde (APIMF-CV), sob o lema "juntos pela transformação e profissionalização das instituições de microfinanças de Cabo Verde".
Com a entrada em vigor da nova legislação e regulamentação das instituições de microfinanças, a partir de 1 de Janeiro de 2019, as IMF são obrigadas a fazer a segregação das funções de natureza social para instituições de natureza de microfinanças.
Segundo João Fidalgo, esta medida vai exigir mudanças de comportamento e atitude por parte das instituições, que vão ter “novo modelo de negócio, nova forma de gestão e nova cultura em relação ao Banco Central”, pois passarão a prestar contas e a adequar internamente o seu modo de funcionamento.
“Em termos de financiamento, esse novo modelo vai facilitar o acesso ao fundo das IMF. Não é apenas a situação de recursos financeiros , mas também o comportamento organizacional, a par da atitude e do modelo de governação que vai exigir das IMF”, disse.
Para além de mudanças institucionais, indicou, é necessário apostar em acção de formação e de capacitação para todos os integrantes das instituições de microfinanças para poderem adequar-se à nova legislação e para que funcionem com sustentabilidade.
João Fidalgo sublinha que "ao garantirem a sustentabilidade do sistema financeiro mais inclusivo, as IMF estarão em condições de atrair mais investidores para a área de microfinanças".
Para o presidente da Associação Profissional das Instituições de Microfinanças em Cabo Verde (APIMF-CV), Jacinto Santos, a regularização exige um esforço sistemático de formação e de capacitação dos recursos humanos, assim como de inovação e de infra-estruturas tecnológicas para que a profissionalização “não resulte do agravamento de condições de acesso ao crédito e no repassamento dos custos para os clientes”.
Neste sentido, afirmou, "é necessário que a associação, o Governo e o BCV criem e operacionalizem um plano de formação e de assistência técnica nos primeiros cinco anos de funcionamento das instituições em processo de transformação".
Durante a VI Semana Nacional de Microfinanças será apresentado um estudo sobre o mercado das microfinanças em Cabo Verde e ainda será debatida a questão de “Novas tecnologias como forma de inclusão financeira, educação financeira e redução dos custos”.