Na opinião de Bernardo Motta, esta dependência económica cria em Cabo Verde um modelo estagnado de jornalismo, muito ligado à agenda oficial. “São poucos os órgãos de comunicação social que praticam um jornalismo virado para as comunidades e para as coisas que afectam o dia-a-dia das pessoas”.
“Um outro problema que eu vejo também é a força muito grande dos medias públicos. Em alguns países temos medias públicos muito fortes, mas eles não competem directamente com os medias privados. Então aqui em Cabo Verde parece que há o problema da competição directa”, afirma o especialista, acrescentando que não se pode ter um bom mercado para os medias privados, "quando os medias públicos competem directamente pelos mesmos fundamentos, pelo mesmo dinheiro e pela mesma forma de produção”.
Bernardo Motta está em Cabo Verde a convite da Associação dos Media Privados de Cabo Verde e da Embaixada Americana para participar na conferência “O papel dos medias em democracia”, que decorre esta sexta-feira, na cidade da Praia.
O especialista em jornalismo comunitário e ambiental visitou no dia de ontem algumas rádios comunitárias e o jornal Expresso das Ilhas.