Instado a apontar os constrangimentos no processo de retoma do turismo em Cabo Verde na pós-pandemia de covid-19, o fundador e gerente da empresa de excursões Barracuda Tours, Ernesto Simões Carneiro, identificou dois, nomeadamente as tarifas aéreas de ligações “com valores absolutamente impraticáveis” em programação turística e a limitação de voos entre ilhas.
Este último, segundo a mesma fonte, faz com que o operador turístico esteja a recusar uma operação para várias ilhas “de centenas de milhares de euros” devido à impossibilidade de voos internos.
Ernesto Carneiro disse que já enviou esses dois pontos e sugestões ao ministro do Turismo, ao presidente do Instituto do Turismo de Cabo Verde e ao presidente da Associação das Agências de Viagens de Cabo Verde.
“De que nos serve dinamizar a promoção de um destino se não temos perspectivas de ligações aéreas com tarifas acessíveis?”, questionou o mesmo responsável, para quem Cabo Verde tem uma “boa imagem” e é considerado um dos destinos mais seguros para férias.
“Mas os sinais de recuperar os prejuízos da pandemia a curto prazo não são muito animadores. Em nossa opinião, se não conseguirmos rapidamente ligações aéreas, estão perdidas as épocas de Inverno 2021/2022 e mesmo o 2022, já que os operadores dos mercados emissores trabalham a sua programação com seis meses, por vezes com um ano de antecedência”, salientou, num dos ‘e-mails’ enviados aos responsáveis cabo-verdianos.
Como solução para as tarifas aéreas de ligações a Cabo Verde, o fundador da Barracuda Tours considerou que o país deveria reactivar o projeto do ‘hub’ aéreo na ilha do Sal, que antes da pandemia garantia voos de e para o arquipélago entre três aeroportos brasileiros e muitos da Europa e África.
“O aumento da densidade de tráfego gerado entre os aeroportos permite uma redução dos custos das companhias aéreas e tarifas mais baixas”, escreveu noutro ‘e-mail’.
“Apesar destes constrangimentos não desistimos e continuamos a intensificar as nossas acções promocionais nos principais mercados emissores da Europa”, garantiu o empresário, que lidera esta operadora que começou a operar em Cabo Verde há 31 anos, com a primeira operação ‘charter’ oriunda do mercado português, por iniciativa do operador Abreu.
Entretanto, ontem, chegou a Cabo Verde o primeiro voo ‘charter’ proveniente da Ucrânia, com destino à ilha do Sal, realizado pela operadora Vanguartour Travel, em parceria com a Barracuda Tours, representante no arquipélago africano, com cerca de 90 passageiros.
Segundo o gerente da Barracuda Tours, a operação foi “cuidadosamente preparada”, dando como exemplo um vídeo promocional de Cabo Verde realizado por um conhecido produtor de TV ucraniana.
O Instituto do Turismo de Cabo Verde (ITCV) congratulou-se, numa nota de imprensa, com a chegada de mais este operador ao país, entendendo que é a “prova do trabalho que tem sido desenvolvido pelo Governo e outras entidades para diversificação dos mercados emissores do turismo”.
Ernesto Carneiro referiu que no verão passado a operadora recebeu ‘charters’ da República Checa e de Portugal, este organizado pela Abreu, o maior operador do mercado português, também pioneiro na programação de viagens turísticas para Cabo Verde nos mercados de Portugal e Espanha.