"As economias dependentes do turismo em África têm perspetivas positivas de evolução, embora a base seja bastante baixa, impulsionadas pelo abrandamento das restrições às viagens e à recuperação económica nos mercados de origem, na Europa e na Ásia, bem como devido à maior confiança para viajar associada com o sucesso das medidas de contenção e taxas de vacinação relativamente altas, como existe em Cabo Verde, Ilhas Comores, Maurícias, Marrocos, São Tomé e Príncipe e Tunísia", diz a ONU.
No relatório sobre a Situação e Perspetivas Económicas Mundiais das Nações Unidas para 2022, hoje divulgado em Washington, a parte que diz respeito a África alerta que, "no entanto, as chegadas de turistas não deverão regressar aos níveis de 2019 antes de 2023 e, muito possivelmente, 2024" o que implica, acrescentam, que "a recuperação económica nestes países vai provavelmente ser difícil e vulnerável a novos choques nas viagens a nível mundial, incluindo de novas variantes".
Assim, concluem, "as indústrias dependentes do turismo, como a conservação da vida selvagem e protecção ambiental, e os trabalhadores informais do sector deverão enfrentar outro ano difícil, com efeitos agravados a longo prazo".
Sobre as vacinas, a UNDESA lamenta que a maioria dos países africanos tenha vacinado menos de 5% da população, "falhando a meta da Organização Mundial de Saúde de 10% de cobertura até Setembro de 2021 e 40% no final de 2021", e aponta que apenas cinco países africanos estavam acima dos 40% no final do ano passado: Cabo Verde, Ilhas Maurícias, Marrocos, Seicheles e Tunísia.
"A distribuição das vacinas tem sido prejudicada pelo preço, resistência, logística, constrangimentos globais à produção e açambarcamento no estrangeiro", afirma a UNDESA, concluindo que "a solidariedade global foi largamente inadequada, com os compromissos e as entregas à Covax a ficarem aquém das necessidades".
O relatório da ONU surge no dia em que o director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC) afirmou que os países africanos receberam até agora 663 milhões de doses, das quais administraram 340 milhões, o que equivale a 60,4% do total.
No total, 10,1% da população do continente está completamente imunizada contra a covid-19, acrescentou John Nkengasong, que destacou os países que têm feito maiores progressos em termos de cobertura vacinal completa: Egipto (22,3%) Marrocos (62,3%), África do Sul (27,3%), Argélia (2,4%) e Moçambique (23,8%).
A covid-19 provocou 5.511.146 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detectada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em Novembro, foram notificadas infecções em pelo menos 110 países.