“Só em termos da crise energética, mas também para segurança alimentar, Cabo Verde vai precisar de qualquer coisa como 50 milhões de euros até ao final do ano para manter os preços estáveis”, disse à Lusa o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, à margem dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, em Acra, no Gana.
Em 05 de abril, o ministro estimou em 40 milhões de euros o impacto para conter a escalada de preços e apelou à mobilização de apoio orçamental internacional face ao “cenário desastroso” nas contas públicas provocado pela guerra.
Questionado sobre se o Governo já tinha recebido respostas a esse apelo, Correia disse agora à Lusa que o executivo ainda está a trabalhar com os parceiros, nomeadamente o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Africano de Desenvolvimento, com a União Europeia e outros parceiros bilaterais e multilaterais para ajudar Cabo Verde a fazer face à crise energética e alimentar.
“Estamos a dar resposta internamente. Mas seguramente que vamos precisar de apoios internacionais, estamos a mobilizá-los e nós estamos crentes que iremos poder contar com esse suporte dos nossos parceiros para podermos vencer mais este desafio, que vem acrescentar às consequências da pandemia de covid-19”, afirmou.
Segundo Olavo Correia, 50 milhões de euros “é um volume de recursos muito importante” que Cabo Verde não tem no orçamento e a solução terá de ser encontrada externamente para estabilizar os preços, evitar uma degradação repentina e abrupta e brusca das condições de vida das populações ou até que haja um problema de acesso aos bens essenciais, como bens alimentares ou bens energéticos.
Sobre o setor do turismo, o vice-primeiro-ministro afirmou que Cabo Verde está a recuperar dos efeitos das restrições ligadas à pandemia de covid-19 e “os dados são animadores, sobretudo a partir do Sal”.
Disse ainda que o Governo espera que dentro de “um ano ou ano e meio (…), o mais tardar daqui a dois anos”, o turismo cabo-verdiano possa estar em níveis equivalentes aos de 2019, antes da pandemia, apesar dos efeitos negativos da guerra na Ucrânia.
“Estamos a tentar encontrar as soluções para podermos mitigar esses efeitos, mas o turismo vai continuar a ser o setor motor da economia cabo-verdiana nos próximos anos, ao mesmo tempo que estamos a trabalhar para diversificarmos a economia”, acrescentou.
O ministro explicou que o Governo quer diversificar a economia, para que não esteja “ancorada na monocultura do turismo” e demasiado vulnerável aos choques externos, mas também quer diversificar o próprio turismo.
“Não é apenas só de praia, mas (…) fazer de Cabo Verde um país turístico em que cada ilha pode também apresentar suas potencialidades”, referiu.