“A estimativa aponta para 1,2 milhões”, referiu Jair Fernandes, em entrevista à Lusa, indicando que os números deverão continuar a crescer, refletindo a preferência pelo destino Cabo Verde, sobretudo entre turistas europeus.
O presidente do Instituto de Turismo acredita, com “segurança”, que o recorde voltará a ser batido em 2025, graças à introdução de Cabo Verde nas rotas da companhia aérea de baixo custo Easyjet — que actualmente voa apenas para a ilha do Sal, mas poderá vir a ter ligações para outras ilhas.
“Temos de pé, para os próximos meses, a possibilidade de ter a Easyjet nas ilhas de Santiago e São Vicente, demonstrando que esse pode ser o caminho imediato para a desconcentração” do turismo, levando-o a todas as nove ilhas, em articulação com novas linhas domésticas.
As companhias aéreas internacionais mais baratas vão transportar “outro perfil de turismo, completamente diferente” da oferta de sol e praia em resorts, que é atualmente responsável pela maioria da receita turística do arquipélago e concentrada nas ilhas do Sal e Boa Vista.
Com linhas low cost, Cabo Verde espera um turismo “com impacto em todas as lhas e na economia local, com visitante em busca de experiências no destino”, perspetiva Jair Fernandes.
Depois de chegarem aos aeroportos internacionais, os turistas estrangeiros terão ligações internas para se movimentarem, graças à nova companhia estatal Linhas Aéreas de Cabo Verde, já criada, no papel, e que Jair Fernandes espera ver implementada.
“Um turista que esteja no Sal e queira ir à ilha de São Nicolau ou que esteja na Boa Vista e queira ir à ilha do Fogo, tem garantida essa possibilidade através da introdução das Linhas Aéreas de Cabo Verde, podendo ir num dia e voltar no outro”, exemplificou.
“Isto permitirá desconcentrar a atividade turística do Sal e Boa Vista para as demais ilhas”, referiu, em resposta a uma análise divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em fevereiro.
De acordo com o documento, só as ilhas do Sal e Boa Vista, que concentram as cadeias hoteleiras internacionais, superaram o fluxo turístico de 2019, enquanto as restantes continuam abaixo dos números de visitantes registados antes de a Covid-19 irromper, de acordo com os valores apurados pelo FMI.
Jair Fernandes disse à Lusa que “o marketing está a ser feito” para mudar o paradigma e que o turismo de natureza “tem tido um crescimento exponencial e notório, em Santo Antão, Fogo e Santiago” a par do segmento cultural, com Santiago (Cidade Velha e Tarrafal) e o São Vicente, “dentro de um contexto folclórico que tem como produto estrela o Carnaval”.
Outra novidade é o desenvolvimento da modalidade de alojamento complementar, para que “os turistas não se concentrem em hotéis e resorts e permitindo que, seja qual for a ilha que visite, tenha de antemão garantido o alojamento”.
Cabo Verde mostra a diversidade na feira de turismo de Berlim, esta semana, depois de em Janeiro ter marcado presença na Fitur (Espanha) e antes da BTL, em Lisboa, neste mês de Março.
“As outras ilhas têm tido o seu crescimento, mas, para se inferir com toda a exatidão, estamos a trabalhar em dados estatísticas e análise”, que espera venham a mostrar resultados da estratégia de diversificação.