“Usavam-se mais guardanapos de fazenda na hora das refeições, e cada pessoa tinha um porta-guardanapo diferente para não se confundir com o dos outros”, recorda com um sorriso na voz.
Hoje, com uma carreira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, é nas horas vagas que dá asas à criatividade, transformando linhas em verdadeiras obras de arte.
“Faço croché à noite, após regressar a casa. Às vezes só consigo trabalhar um bocadinho num dia, depois passo dois ou três sem pegar, devido a reuniões ou outros compromissos”, conta ao Expresso das Ilhas.
Mas nem o ritmo incerto, nem o tempo escasso lhe travam a imaginação. Começou por fazer peças para a casa como colchas, toalhas, conjuntos de cozinha, e foi a alargar horizontes.
Hoje, a sua marca chama-se IsArte e Linhas, porque pretende juntar outras matérias ao croché.
“Não quero ficar só com linhas. Quero juntar outras coisas, utilizar frascos, latas, madeira, fósforos…”.
E há sempre espaço para os desafios. “Alguém pediu-me para fazer um biquíni. Ainda não consegui, mas vai ser um desafio interessante e há o desafio de bonecos de croché”, partilha.
Isa afirma que sente uma ligação profunda a cada peça. “Quando vejo alguém a usar uma criação minha, digo, aí estão as minhas dores nas costas, a minha vista cansada. Mas também está ali o meu amor, a minha dedicação”.
E é essa paixão que quer continuar a partilhar. “Fazer croché é uma terapia. Ajuda-me a reflectir, a estar comigo mesma. É quase um super poder de cura”, confidencia.
Já ensinou as filhas, deu dicas a amigas, e sonha agora com o próximo passo.
“Depois da reforma, quero montar o meu atelier. Não vou trabalhar só com croché, quero explorar outras formas de arte. Vamos ver o que vai dar”.
Enquanto isso, as criações de Isa já atravessaram fronteiras. Suécia, Portugal, Estados Unidos… mas é em Cabo Verde que tem a maior clientela, entre amigos e admiradores que sabem que ali, cada ponto é feito com alma.