O período onde a Praia entrega-se a esta forma de arte e com ela se embala, dança, festeja, respira – numa coexistência onde o todo passa a ser um único cenário.
Começa tudo com o rasgar das guitarras e o rock do Grito Rock Praia para que no nosso mês da música por excelência – Abril os comandos do leme sejam entregues primeiro ao AME, com os seus workshops, show-cases e negócios da música e depois com a festa do Kriol Jazz Festival, que este ano nos traz provavelmente um dos cartazes mais fortes das edições realizadas, no palco da Praia. De sublinhar ainda a extensão do festival para a ilha do Sal.
Bem, neste momento seria incontornável não nos referirmos ao Grito Rock… ao Grito Rock Praia.
Em crónica anterior, já tinha falado deste festival abordando a persistência na divulgação do Rock e linguagens parceiras em Cabo Verde. Papel preponderante.
Contudo, acho que pouco se fala na importância que o Grito Rock Praia tem por fazer parte de um grupo de 40 países e aproximadamente 400 cidades que constituem o universo do Grito Rock Internacional. Dizer isso, significa que o Grito Rock Praia, uma organização que é produzida de forma colaborativa, leva o nome do nosso país para um universo de mais de 40 países. A marca de Cabo Verde faz parte deste grupo obviamente, no que diz respeito ao universo musical que defendem.
O Grito Rock nasce em 2002 no Brasil e em 10 anos amadurece, cresce e ganha projeção mundial. Tem como objetivo primeiro a promoção do intercâmbio entre agrupamentos musicais do universo Rock, bem como a promoção deste género musical.
O Festival torna-se assim global abraçando os mais variados continentes: América Latina, Europa, Oceânia e África.
Cabo Verde faz-se presente em 2013… nasce o Grito Rock Praia partindo assim este ano para a sua 8ª edição. Tudo começa quando um grupo de jovens, inspirados no festival internacional Grito Rock, acreditou ser possível acrescentar o nome de Cabo Verde neste Cartaz-mundo.
É louvável Cabo Verde estar envolvido numa organização destas fazendo sentido lembrar a todos os amantes da música tal facto que muitas vezes passa despercebido. Sim, o nosso Grito Rock é um dos 40 do mundo inteiro e a nossa Praia uma das 400 cidades mundiais que abraçaram este projecto.
Ao longo destas edições, o festival da Praia foi desbravando caminho, num país onde o Rock/Metal era pouco ouvido. Marcou com uma série de espetáculos variados, workshops, palestras, encontros…
Contudo permitam-me ainda destacar três iniciativas de elevado valor e significado para a música em particular e para a sociedade no geral: a homenagem que o festival faz sempre a um músico local, louvando assim o trabalho de quem faz pela nossa música, a vertente pedagógica que abraça nas inúmeras iniciativas que tem tido junto das crianças e escolas e a ligação à causa ambiental – através da parceria com a organização 350CV – cada vez mais preocupante pelo mundo fora.
Assim, só poderia desejar que os palcos deste festival e o respetivo carimbo de Cabo Verde que levam com eles através da música, se multipliquem e que continuem a “gritar” o nome do nosso país, pelo mundo do Rock/Metal.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 953 de 4 de Março de 2020.