Covid-19. Liderança, Recuperação Económica e Reabertura das Actividades

PorJoão Carlos Tavares Fidalgo,8 jun 2020 7:41

“Sem uma clara compreensão do sentido do movimento não se podem esperar progressos reais” (Jigoro Kano)

A pandemia Covid-19 está transformando a vida das empresas e tirando o sono da grande maioria dos líderes. O coronavírus acelerou um processo de transformação tecnológica disruptiva, hábitos, consumo e da componente liderança, abrangendo perfil, habilidades e atitudes que a crise está exigindo.

De acordo com os dados revelados pela Leadership Confidence Index 2020, da Odgers Berndtson, a falta de confiança reside na condição de que os líderes não estão preparados para lidar com avanços exponenciais de tecnologia, as alterações profundas na expectativa dos consumidores e emergência de novos modelos de negócios.

Portanto, não são pró-ativos e com resistência à mudança, há falta de visão clara de futuro, numa altura em que o mundo entrou em rota de incerteza profunda à escala global da pandemia Covid-19.

É importante, por um lado, recordar algumas frases de Peter Drucker sobre a liderança:

“Liderança é fazer as coisas certas ....” ;

“Se você quer algo novo, você precisa parar de fazer algo velho”;

“Planeamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com um futuro das decisões presentes”;

“Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo”;

“Soluções dos problemas apenas restaura a normalidade. Aproveitar oportunidades significa explorar novos caminhos” (in. Peter Drucker).

A economia mundial vai sofrer um recuo de 3% do PIB, o que poderá ser maior recessão desde a grande depressão.

Neste momento de grande incerteza, não se sabe ainda a configuração de recuperação da economia. Alguns cenários previstos poderão ser traduzidos em letras V, U, L, e W.

De acordo com um dos cenários de recuperação no World Economic Outlook, o cenário base, é que, após uma queda de 3% em 2020, o PIB mundial deverá crescer 5.8% em 2021, uma recuperação em V (in eco.pt).

A recuperação em U retoma seria forte, mas demoraria mais tempo.

A recuperação em L- é um dos cenários mais pessimista apesar de entrar numa fase de recuperação, a economia não consegue no curto prazo chegar ao nível pré-pandemia.

Em termos macroeconómicos alguns efeitos imediatos já fazem sentir, o rácio global da dívida pública atingiu 131,5% do PIB revisto no primeiro trimestre de 2020 e com a baixa de Rating pela Agência Fitch para B-. Há previsão de uma subida da dívida pública para 154% do PIB até final do ano.

Em termos microeconómicos, os efeitos de moratórias de crédito até Setembro 2020, como, por exemplo em Portugal, “um grande tsunami” há-de vir quando acabarem as moratórias”, segundo o CEO, Pedro Castro e Almeida do Santander Tota.

E o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, alerta que poderá existir o “efeito precipício” de acordo com eco.pt.

No cenário de medidas de recuperação, a pressão maior da opinião pública está sobre os governos no sentido de estes implementarem políticas orçamentais expansionista, seja para reforço dos orçamentos da saúde ou para medidas de apoio às empresas e os bancos centrais com estímulos monetários.

Num contexto em que ferramentas tradicionais dos governos são limitadas, alguns economistas propõe uma estratégia para combate a quebra económica.

Alguns notáveis economistas como Stanley Fisher e Phillipp Hildebrand, prevejam numa primeira fase, a criação de uma facilidade fiscal financiada monetariamente ou no caso de insuficiência de recursos.

Alguns notáveis economistas como Stanley Fisher e Phillipp Hildebrand, prevejam numa primeira fase, a criação de uma facilidade fiscal financiada monetariamente ou no caso de insuficiência “going direct”, que significa colocar dinheiro nas mãos dos governos para gastarem.

É uma versão do “helicopter money” de Milton Friedman (Nobel de Economia) e Bernanke. Esses mecanismos teriam carácter de emergência e seria transitório, seria abandonado quando a situação melhorasse. Certamente que a população vai passar por um período de menos rendimento, não há “helicopter money” e o governo terá menos recursos e teremos que conviver com vírus, mantendo as restrições do distanciamento social, confinamento, condições de higiene e de uso de máscaras.

De acordo com o Economista Paul Romer, que recebeu o Prémio Nobel da Economia em 2018, que foi do Banco Mundial, em entrevista à BBC News Brasil, se o governo quer salvar vidas e retomar a economia, o caminho é aumentar os testes para coronavírus e aumentar equipamentos de proteção para as pessoas poderem voltar a trabalhar mesmo enquanto o vírus está em circulação no Brasil.

Em relação ao nosso país, as medidas anunciadas hoje pelo governo, no sentido de reforço de prevenção e de realização de mais testes de despistagem (+ 50 mil para próximos tempos) vão nesse sentido. No que tange a criação de incentivos legais, para apoio a produção de máscaras comunitárias, a obrigatoriedade de uso de máscaras nos locais de significativo ajuntamento de pessoas, a abertura gradual e progressiva de atividades económicas.

O aumento considerável da esperança de vida nos dias de hoje deve-se mais às conquistas na área preventiva e à disseminação dos hábitos de higiene do que os melhores remédios. A água limpa e rápida remoção de lixo, aliadas a mais asseio pessoal marcaram a diferença.

O passado não pode ser modificado, mas o futuro está nas nossas próprias mãos. Os grandes eventos históricos são frutos da crise. Os vencedores da crise não são os que nunca caiem, mas os que nunca abandonam a corrida.

No caso específico do país, julgamos que com liderança e engajamento de todos e de cada um de nós na prevenção, podemos vencer o assassino inimigo invisível e letal.

Nu Previne. Stay Safe.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 966 de 03 de Junho de 2020. 

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Autoria:João Carlos Tavares Fidalgo,8 jun 2020 7:41

Editado porSara Almeida  em  20 mar 2021 23:21

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