Noutros casos para evitar riscos sistémicos no caso de perdas elevadas nas transportadoras áreas, no aumento do desemprego poderão equacionar intervenção estatal, para recuperar os fundos próprios dessas empresas ou nacionalizar essas empresas.
Como se sabe com intervenção estatal, os custos a médio e longo prazo serão para os contribuintes. Aquelas empresas em que não se justifiquem medidas de salvamento, correm o risco de entrar em falência.
De acordo com o FMI, os países ricos estão a investir 6% do PIB, os emergentes poderão despender cerca de 2%. Cabo Verde poderá despender cerca de 2% do PIB, estimado em 197,8 bilhões de escudos em 2019, para diminuir o impacto negativo nas pessoas, nas empresas e no rendimento.
Algumas soluções estão sendo desenhadas nos diferentes países, como pacotes legislativos específicos para apoios no contexto de crise da Covid-19 de forma que as empresas tenham liquidez. Também, um plano de redução de encargos no sector da viação, na criação de garantias de empréstimos bancários, nos incentivos fiscais e na suspensão de determinados impostos. No caso de Cabo Verde, coloca-se a questão de conectividade internacional e a estratégia com hub aéreo.
Antevendo um cenário adverso, o Investidor Warren Buffett vendeu tudo o que tinha em acções de companhias aéreas, tendo em vista a sua exposição nas companhias aéreas com prejuízos nos próximos tempos, correndo o risco de colapso.
Os efeitos da pandemia poderão aumentar a desigualdade social e aumentar a pobreza extrema no mundo global, regional e dentro de cada país. Como diz a expressão popular « corda tá rabenta sempre na Kel mais Fraco”.
Segundo a previsão do Banco Mundial o volume significativo das pessoas possam a viver menos que 2 dólares por dia. A quebra de cerca de 30% no turismo poderá prejudicar as atividades económicas a montante e a jusante do sector.
Neste momento de incerteza, não se sabe ainda a configuração de recuperação da economia, na sua forma, que poderá ser traduzida numa letra “ U “ V” “L” ou “W”.
Este último cenário, tipo dente serra, é o menos desejado. É a trajetória em W, porque o vírus retorna. Conforme alertam os economistas do Imperial College, em Londres, se as medidas para controlar a pandemia forem reduzidas prematuramente, o vírus poderá retornar, o que implicaria a reintrodução de restrições, o retorno da incerteza e o encerramento de locais de trabalho e prestadores de serviços novamente.
De acordo com um dos cenários de recuperação económica no World Economic Outlook, o cenário base é que, após uma queda de 3% em 2020, o PIB mundial deverá crescer 5,8% em 2021, uma recuperação em V (conforme eco.pt).
Certamente haverá consciência da solidariedade e cooperação de esforços para minimizar os prejuízos e os efeitos devastadores nas empresas, nos empregos e no público-alvo, mais vulnerável e mais pobre da sociedade.
O sector informal e o sector microfinanças terão um papel importante nas medidas de proteção Social introduzidas pelo governo de Cabo Verde, nesse período execional de pandemia, com vista a melhoria do acesso a rendimento a quem mais precisa e na educação financeira. Certamente que a população vai passar por período de menos rendimento e conviver com vírus, mantendo as restrições de distanciamento social, confinamento, condições de higiene e de uso de máscaras.
A dimensão da pobreza no meio rural ficou agravada com a pandemia da Covid-19, depois de o país passar três anos de seca.
Cabo Verde, um país insular e resiliente, conseguirá superar esta pandemia. O ser humano sempre desenvolveu soluções incríveis, é o autor da sua própria história. Não podemos sofrer pelo futuro, isto é uma atrocidade, com mudança de atitude e pensamento positivo vamos vencer essa guerra contra inimigo comum, invisível e assassino.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 963 de 13 de Maio de 2020.