A revisão, conforme se lê no relatório elaborado pelo FMI, reflecte resultados do PIB melhores do que o previsto no segundo trimestre, principalmente nas economias avançadas, onde a actividade começou a melhorar mais cedo do que o esperado após a redução dos confinamentos em Maio e Junho, bem como indicadores de uma recuperação mais forte no terceiro trimestre.
O mesmo documento destaca que o crescimento global está projectado em 5,2% para 2021, um crescimento “um pouco abaixo” do que estava previsto na actualização de Junho de 2020 do World Economic Outlook e que “reflecte a desaceleração mais moderada projectada para 2020 e consistente com as expectativas de distanciamento social persistente. Após a contracção em 2020 e a recuperação em 2021, o nível do PIB global em 2021 deverá ficar-se por uns modestos 0,6 por cento acima do de 2019”.
Para o Fundo Monetário Internacional “as projecções de crescimento implicam grandes hiatos de produção negativos e elevadas taxas de desemprego este ano e em 2021 tanto nas economias de mercado avançadas como nas emergentes”.
Perspectivas a médio prazo
“Após o relançamento da economia em 2021” a expectativa do FMI é que o crescimento global “abrande gradualmente para cerca de 3,5 por cento a médio prazo”. “Isto implica apenas progresso limitado no sentido de alcançar o caminho de actividade económica para 2020-25 projectada antes da pandemia tanto para mercados avançados como emergentes e economias em desenvolvimento”.
Os economistas daquela instituição consideram que estes factores são “também um grave contratempo para a melhoria projectada do nível de vida médio em todos os grupos de países. A pandemia irá inverter os progressos feitos desde os anos 90 na redução global da pobreza e irá aumentar a desigualdade.
“As pessoas que dependem de trabalho assalariado diário e que estão fora da rede de segurança formal enfrentaram súbitas perdas de rendimento quando as restrições de mobilidade foram impostas. Entre eles, os trabalhadores migrantes que ao viverem longe de casa tiveram um ainda menor recurso às tradicionais redes de apoio”, lê-se no documento do FMI.
Assim, as previsões apontam para que perto de 90 milhões de pessoas possam descer abaixo do limiar de rendimento de 1,90 dólares por dia.
Além disso, os encerramentos de escolas durante a pandemia representam um novo desafio significativo que poderia atrasar gravemente a evolução do capital humano.
PIB com quebra de 31,7% no segundo trimestre
Entre 01 de Abril de 30 de Junho o PIB nacional teve uma quebra de 31,7%, aponta hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) no relatório sobre as Contas Nacionais Trimestrais. Exportações diminuíram 76,3% e as importações recuaram 35,8%.
A quebra acentuada do PIB nacional no segundo trimestre, quando comparado com igual período do ano passado, é reflexo do impacto da pandemia de COVID-19, justifica o INE.
“Este resultado é explicado em larga medida pela queda acentuada das exportações, do consumo privado e do investimento. Do lado da oferta, o Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços de base, apresentou uma evolução homóloga negativa de 29,8%, destacando-se para o efeito as actividades dos transportes, alojamento e restauração”, refere o INE.
Já no que respeita à colecta de impostos líquidos, o documento publicado esta manhã pelo INE aponta para uma quebra na ordem dos 43,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
O documento do INE, a que o Expresso das Ilhas teve acesso, aponta igualmente que o “Consumo Privado diminui 14,3%, em termos reais, no 2º trimestre de 2020, o que traduziu num decréscimo face à variação positiva de 4,1%, registada no trimestre anterior” sendo que, em sentido contrário esteve o Consumo Público que, conforma aponta o documento publicado pelo INE, apresentou uma taxa de variação homóloga positiva de 9,0%, em volume.
Em queda esteve também o investimento. As Contas Nacionais Trimestrais apontam para um abrandamento do investimento na ordem dos 27,4%, em volume, no 2º trimestre de 2020.
A concluir, o relatório elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística destaca que, no segundo trimestre deste ano, se registaram quebras de 76,3% nas exportações e para uma descida das importações na ordem dos 35,8%.
Segundo o World Economic Outlook a previsão de queda do PIB, para 2020, em Cabo Verde deverá situar-se do 6,8%. Uma situação que será revertida, perspectiva aquela instituição, já em 2021 com o crescimento da economia nacional a atingir os 4,5%.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 985 de 14 de Outubro de 2020.