O Sindicato da Polícia Nacional (SINAPOL) anunciou segunda-feira uma greve de seis dias, no final do mês, na sequência da instauração de processos de suspensão a vários agentes.
A greve, marcada para os dias 26 a 31 de Julho, foi anunciada pelo presidente do sindicato da Polícia Nacional, José Barbosa, na cidade da Praia, depois de ter entregue no Supremo Tribunal de Justiça um recurso a pedir a anulação dos processos disciplinares instaurados a vários agentes da Polícia Nacional e membros do sindicato que participaram na greve de Dezembro de 2017.
Na sequência da paralisação seguida de manifestações em várias cidades foi decretada a suspensão, sem vencimento, a agentes e delegados sindicais, tendo o presidente do sindicato sido notificado da sua aposentação compulsiva.
"Imagine-se se a moda pega e sempre que há processos disciplinares se organizem manifestações e greves. Não creio que seja um motivo forte para uma greve", disse Ulisses Correia e Silva aos jornalistas, na cidade de Santa Maria, à margem dos trabalhos da cimeira da CPLP.
Os polícias reclamam igualmente a actualização dos salários e a redução da carga horária para 41 horas semanais com efeitos a partir de 01 de Janeiro de 2019.
Sobre estas reivindicações, Ulisses Correia e Silva disse que o executivo tem estado a trabalhar com os sindicatos para "encontrar um quadro de convergência".
"O princípio está assumido. Agora é uma questão de programar os pagamentos e a cobertura orçamental porque estamos a falar de valores muito avultados", disse.
Ulisses Correia e Silva rejeitou ainda a ideia de que a abertura de processos disciplinares aos agentes e elementos do sindicato represente uma tentativa de condicionamento da actividade sindical na Polícia Nacional.
Na greve de Dezembro, Governo e representantes sindicais não chegaram a acordo para a definição dos serviços mínimos durante a paralisação, tendo sido decretada a requisição civil de 1.800 agentes para os três dias de greve, sendo que quase metade não cumpriu a requisição.
Várias cidades foram palco de manifestações não autorizadas de polícias, levando o Governo a garantir que os agentes que não respeitaram a lei seriam responsabilizados.
Na sequência da apresentação de duas queixas - da Direção da Polícia Nacional e da direcção da Televisão de Cabo Verde - o Ministério Publico abriu uma investigação por suspeitas de infracção da lei de reunião e manifestação nas comarcas da Praia, São Vicente, Sal, Boavista, Brava, Paul (Santo Antão), Tarrafal (Santiago) e São Filipe (Fogo), tendo, entretanto, mandado arquivar os processos dos agentes de São Vicente e da Brava.