“É com muito pesar que, na qualidade de Presidente da República de Cabo Verde e de Presidente em exercício da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, que, por seu intermédio, me dirijo ao povo irmão da grande Nação brasileira, para exprimir a solidariedade do nosso povo, neste momento, particularmente doloroso, em que uma fatalidade, sem limites, destruiu parte importantíssima da história e da cultura do Brasil e do mundo contidas no Museu Nacional do Rio de Janeiro”, lê-se na mensagem do Presidente.
Considerado o maior museu de História Natural da América Latina, o Museu Nacional de Rio de Janeiro albergava cerca de 20 milhões de peças de valor incalculável e uma biblioteca com mais de 530 mil títulos. Entre as peças inestimáveis transformadas em cinzas está uma colecção egípcia, uma outra de arte e de artefactos greco-romanos, colecções de paleontologia - que incluíam o esqueleto de um dinossauro encontrado na região de Minas Gerais - bem como o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, "Luzia".
O enorme meteorito com mais de cinco toneladas foi um dos únicos vestígios preservados.
O chefe de Estado cabo-verdiano realça o facto de o incêndio não ter provocado vítimas humanas, realçando contudo o acervo que foi consumido pelo fogo.
“Sentimo-nos muito mais pobres com essa tragédia que destruiu cerca de vinte milhões de itens, de registos da memória brasileira nas referidas áreas, bem como a de diversas regiões do planeta, ou produzidos ou relativos a povos e civilizações antigas”, diz.
Para o Presidente da República, “dificilmente se apagarão da nossa retina as imagens do terrível incêndio que, felizmente, não provocou vítimas humanas, mas destroçou mais de duzentos anos de trabalho científico árduo e de preservação de fenómenos e acontecimentos que abarcam milhares de anos nas áreas da geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia, e etnologia, incluindo a africana e a afro-brasileira”.
“Contudo, não duvidamos que, como é timbre do valoroso povo brasileiro, a dor se transformará num importante catalisador de vontades e congregador de energias para fazer face a este momento particularmente difícil”, acredita.
Depois da tragédia, a vice-directora do museu, Cristiane Serejo disse que o espaço que ardeu no domingo, não tinha seguro sobre o património e não tinha uma brigada disponível para combater possíveis incêndios.
O Governo brasileiro já anunciou a libertação de fundos de emergência para iniciar a reconstrução imediata de um novo edifício e uma campanha com o objectivo de angariar fundos privados.