Foram estabelecidos 17 compromissos, de acordo com o Compromisso da Praia, resultado do encontro de quatro dias.
Tendo em atenção que a população mundial deve atingir 9 mil milhões de pessoas até 2050 e o impacto adicional das mudanças climáticas, os participantes do WASAG sabem que produzir mais alimentos exercerá uma pressão ainda maior sobre os recursos hídricos já vulneráveis. Por isso comprometem-se a continuar a cooperar no âmbito do Quadro Global sobre Escassez de Água na Agricultura (WASAG).
Para melhorar a eficiência no uso da água, e colmatar lacunas de acordo com contextos locais específicos, os responsáveis mundiais prometem desenvolver entendimento sobre as ligações entre tecnologias, instituições e políticas.
Outro compromisso vai no sentido de promover a água como um motor de desenvolvimento para todos, abordando as trocas intersectoriais e maximizando as sinergias ao longo da Agenda 2030, apoiando ao mesmo tempo os governos nacionais a alcançar as metas dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A resolução do problema da escassez de água na agricultura exige empenho da parte de todos, tendo em conta que a agricultura representa 69% de todas as extracções de água doce. Neste sentido, o Compromisso da Praia não descarta o apoio aos agricultores.
“Apoiar os agricultores e as associações de agricultores com melhor acesso ao financiamento, práticas sólidas de gestão da água e informações pertinentes, reconhecendo o valor do seu conhecimento local e intergeracional para poder assim aumentar a sua resiliência”, lê-se no documento.
Os especialistas mundiais colocam a tónica na gestão sustentável e eficiente dos recursos hídricos na agricultura, contribuindo para os meios de subsistência rurais e ajudando a combater as causas profundas da migração relacionadas com a água. Aqui, uma das acções passa por incentivar tecnologias inovadoras adaptadas às condições locais, incluindo aquelas que diminuam as perdas e permitam a reutilização das águas residuais tratadas na produção agrícola.
As novas práticas para gestão sustentável da água exigem investimentos. Os participantes do 1º WASAG sabem disso, e comptometem-se a incentivar a mutualização dos recursos e a promover mecanismos financeiros inovadores, incluindo a isenção de impostos, fundos rotativos, as PPP (parcerias público-privadas) e uma abordagem económica circular para estimular acções concretas no terreno, enquanto se promove a participação do sector privado e o investimento no desenvolvimento das capacidades.
Leia na íntegra o Compromisso da Praia
Leia o Compromisso da Praia, aprovado durante o 1º Fórum Internacional WASAG, que decorreu na Praia, de 19 a 22 de Março. Preâmbulo A resolução do problema da escassez de água na agricultura exige um forte e ativo empenho da parte de todos, quando considerarmos que a agricultura representa 69% de todas as extrações de água doce.
Gestão da água e segurança e segurança alimentar
A gestão da água deve estar ligada à segurança alimentar. Nem de propósito, o lema é "mais nutrição por cada gota". Neste sentido, o Compromisso da Praia quer construir uma comunidade prática para reforçar a base de conhecimentos a vários níveis sobre as ligações entre a nutrição e a gestão da água, e desenvolver um quadro para ligar a água e a segurança alimentar às abordagens de nutrição, acompanhado de exemplos pilotos.
Outro desafio passa por criar formas de viver com salinidade, particularmente nas áreas mais vulneráveis, incluindo os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, uma vez que é possível produzir mais alimentos a partir de áreas salinizadas.
“Isso inclui o apoio a estratégias e políticas nacionais para soluções adaptadas à agricultura feitas à medida e especificamente para as zonas afectadas pelo sal e a implementação de sistemas de agricultura salina sustentáveis, incluindo a agro biodiversidade, a fim de reforçar a segurança alimentar e nutricional e os cultivos comerciais”, avança-se
“Integrar a agricultura inteligente do ponto de vista climático e sistemas agrícolas inovadores, adoptando práticas de gestão sustentáveis e culturas adequadas tolerantes à seca e ao sal, incluindo zonas periféricas, a fim de aumentar a segurança alimentar e nutricional”, aponta o documento.
Os mais de 200 especialistas mundiais, participantes do 1º Fórum Internacional sobre Escassez de Água na Agricultura, querem incentivar o desenvolvimento de abordagens baseadas na comunidade e políticas centradas nas pessoas, reconhecendo o papel essencial das mulheres na agricultura de pequeno porte e no uso doméstico da água, além de ligar os jovens de forma significativa à implementação de soluções de maior impacto. O objectivo, segundo o Compromisso, é desenvolver uma melhor compreensão dos desafios e oportunidades para chegar a mulheres, jovens e agricultores pobres para garantir que o invisível se torne visível e que "não deixemos ninguém para trás".
O 1º Fórum Internacional sobre Escassez de Água na Agricultura começou terça-feira, 19, na cidade da Praia, e terminou hoje, Dia Mundial da Água.
O evento internacional foi organizado no contexto do Quadro Global para a Água na Agricultura (WASAG), com o patrocínio do Governo de Cabo Verde. Colaboram também a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Ministério das Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da Itália e o Serviço Federal de Agricultura da Suíça.
Cabo Verde pode inspirar outros países com falta de água para a agricultura
Mais de 200 especialistas mundiais em gestão de águas agrícolas têm estado reunidos na Cidade da Praia, no 1º Fórum Internacional sobre Escassez de Água na Agricultura. Directora adjunta da FAO assinala exemplo de Cabo Verde. O fim do encontro que começou na terça-feira coincide com a celebração do Dia Mundial da Água.