O projecto de reconversão da apanha de inertes, orçado em cinco mil contos, e que foi financiado em parte pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que entrou com 3.305.788 escudos, vai ser coordenado pelo Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) e Câmara Municipal de Santa Catarina.
O mesmo visa montar uma empresa de avicultura, que vai permitir a comercialização nacional de ovos, galinhas poedeiras, carnes e derivados, provenientes das actividades da avicultura.
Nesse sentido, foi rubricado um protocolo de parceria entre o ICIEG e Câmara Municipal de Santa Catarina, representado pelos seus presidentes, Rosana Almeida e José Alves Fernandes, respectivamente, na presença das beneficiárias e população daquela localidade do interior de Santiago.
Em declarações à imprensa, a presidente do ICIEG, Rosana Almeida, lamentou o facto de existirem muitas mulheres que vivem da apanha de areia, e que estão com graves problemas de saúde e que também estão a causar danos para a própria natureza.
No entanto, segundo esta responsável, apesar de grandes investimentos feitos em parceria com os parceiros que visam melhorar a vida dessas mulheres e em terem um trabalho digno, estas continuam a morrer por causa da apanha da areia.
Daí que, segundo ela, a instituição que dirige há muito que estava a procurar um parceiro, tendo encontrado a solução na CEDEAO que disponibilizou um “montante significativo” para a implementação deste projecto na Ribeira da Barca, uma das localidades de Santa Catarina onde esta prática é feita.
Na ocasião, Rosana Almeida alertou que a ICIEG e os parceiros que já encontraram a solução para um trabalho digno a estas mulheres que vivem da extracção de inertes, não querem que depois as beneficiárias venham dizer que o montante recebido acabou.
É que, segundo ela, os parceiros e o financiador querem sustentabilidade, por isso que as mesmas vão receber uma formação sobre educação financeira, tendo aconselhando-as a se organizarem em cooperativa para poderem colocar os seus produtos no mercado.
Por sua vez, o autarca santa-catarinense lembrou que a montagem desta empresa de avicultura que beneficia dez mulheres é a segunda fase do “projecto de reconversão da apanha de inertes” nesta localidade, informando que a primeira fase já está em curso em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A mesma fonte indicou que a primeira fase também contempla mais dez famílias, cujas beneficiárias estão em formação em São Francisco, para que possam implementar o sistema hidropónico naquela vila piscatória.
Tendo em conta que. segundo ele, a extração de inertes é um “problema estruturante”, cuja actividade é também exercida em outras comunidades do concelho, Rincão, Fundura e Furna, e no caso de Ribeira da Barca, que já se arrastou por vários anos, defendeu que a solução também tem que ser “estruturante e sustentável” para não voltarem à situação inicial.
“Estamos optimistas e confiantes de que vamos conseguir mobilizar ainda mais parceiros, porque ainda temos mais famílias a serem contempladas”, declarou, avisando que é a garantia de que o projecto vai ter resultados que os motiva a dar continuidade à mobilização de recursos para este problema.