Júlio Andrade falava à imprensa, à margem de uma visita do representante da OMS em Cabo Verde, realizada com o intuito de conhecer in loco das medidas de prevenção e de resposta a pandemia da COVID-19 no país.
“Em relação ao coronavírus felizmente não temos, até este momento, nenhuma dificuldade. Temos capacidade para internar, no isolamento, 14 doentes. Nós temos internados nesse momento três pessoas. Duas positivas e uma negativa, a outra já teve alta. Nós estamos a gerir essa situação com toda a normalidade e tranquilidade", disse.
Conforme Júlio Andrade, o HAN possui uma equipa que desde início acompanha esses doentes. A equipa é, explicou, constituída por dois médicos, quatro enfermeiros e três ajudantes de serviços gerais, além do pessoal que cuida do lixo desses doentes.
O hospital, segundo informações avançadas por Júlio Andrade, possui “vários” ventiladores e desde que não haja muitos doentes, tem capacidade para dar respostas com “alguma tranquilidade”.
“O nosso foco tem de ser os casos positivos, ver todos os contactos e acantonar o vírus, essa é que a perspectiva para que nunca tenhamos muitos doentes. Desde que não tenhamos muitos doentes, temos capacidade de dar respostas com alguma tranquilidade”, considerou.
Entretanto, ponderou que o país tem condições para não haver aumentos significativos de números de pessoas infectadas, desde que se cumpram as recomendações do ministério da Saúde.
Ainda nas suas declarações, Júlio Andrade mostrou-se preocupado com a diminuição de pessoas que têm ido às consultas com a alegação de dificuldades de transporte.
“É preciso ver a questão de transporte público, pelo menos para os doentes, porque estamos a receber muito menos doentes na urgência, mas os doentes que estamos a receber são muito mais complexos, têm mais complicações porque estão a chegar muito tarde”, manifestou.
À vista disso, afirmou que as pessoas devem ir às urgências, desde que tenham uma patologia que se justifique. Júlio Andrade assegurou que as urgências, as oncologias continuam a funcionar, e que têm todas as condições para continuar a dar assistência a todos os doentes prioritários e evitar que haja complicação.
Nesse sentido, informou que os médicos estão a contactar todos os doentes com consultas marcadas de modo a seleccionar os prioritários.
“Muitas vezes eles(pacientes) têm dificuldades mesmo de ir às farmácias, estamos a prescrever e os doentes dizem "não sei se todas as farmácias estão a funcionar", não estão a cumprir muitas vezes a prescrição e isso pode trazer preocupações”, revelou.
De acordo com o PCA, o hospital está a trabalhar com a Cruz Vermelha de modo a criar uma enfermaria para doentes que não exigem grandes cuidados, para que o estabelecimento possa atender “exclusivamente” os doentes que precisam de ventilação e de monitorização.
Por seu turno, o representante da OMS em Cabo Verde, Hernando Agodelo, mostrou-se satisfeito com a forma como o HAN está estruturado, separando os pacientes com doenças respiratórias dos demais.
“Está estruturado de uma maneira muito adequado. Primeiro, a emergência é um lugar onde todo mundo passa com qualquer tipo de doença. Então se alguém tem problema respiratório, é feita essa triagem e a triagem é fora do hospital. Se essa triagem mostra algo suspeito é feito tudo que tem ser feito depois, fora do hospital. Até agora ninguém deu resultado positivo. Se houver um caso positivo imediatamente se isola para assegurar que nenhum dos sectores e outros pacientes e o pessoal da saúde possam ser contaminados”, apontou.
Hernando Agodelo frisou ainda que é preciso dar uma resposta mais “alargada” aos casos que têm surgido na ilha de Boa Vista para que a população não seja contagiada.
“Os casos que têm aparecido em Boa Vista, é uma situação a que tem que se dar uma resposta alargada para poder assegurar que todas as pessoas que estão positivas, os contactos, se isolem, sejam estudados, que se possa identificar o mais rapidamente possível qualquer caso novo para ser isolado e evitar que contagie o resto da população”, referiu.