Em declarações à Inforpress, Mário Sanches traçou um “quadro negro” da situação por que passam as agências de viagens e turismo, já que conforme sustentou são os sectores “mais afectados de imediato e a médio prazo” pela pandemia da covid-19.
“Não temos números, neste momento, para precisar com exactidão qual a situação real, mas digo com toda a certeza de que o quadro é muito negro para quase a totalidade das agências de viagens. Estamos parados”, disse, adiantando que a maioria das agências cabo-verdianas actua somente no sector das viagens e quase exclusivamente com clientes cabo-verdiana no País e na diáspora.
Uma situação que, conforme salientou, torna o mercado e as possibilidades ainda mais reduzidas, no momento em que se fala de falência de grandes companhias.
Questionado se a AAVT já apresentou algumas propostas para minimizar os impactos da crise junto desses sectores, Mario Sanches, sem especificar as propostas, que conforme indicou estão a ser negociadas, adiantou que desde o início a associação colocou-se em posição de ‘player’ importante com voz e actuação nos sectores.
Por outro lado, disse que a AAVT avalia positivamente as medidas anunciadas pelo Governo para apoiar as empresas de uma forma geral, mas considera que o executivo deve ir “um pouco além” para criar as condições para a retoma das actividades e salvaguardar muitos postos de trabalho ligados às áreas de viagens e turismo.
O Governo já avisou que as ligações interilhas podem ser retomadas em breve, de e para as ilhas sem casos da covid-19, e que quanto às ligações exteriores tudo dependerá do evoluir da situação epidemiológica do País e do mundo.
Sobre esse assunto, o presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde espera que essa reabertura aconteça “o quanto antes”, tendo em conta que esta retoma das actividades será fundamental à sobrevivência das agências.
“Infelizmente é a realidade em todo mundo e tudo dependerá, também, do evoluir da situação sanitária. Oxalá não tardam a abrir os nossos céus. Quanto antes melhor”, anotou.
Mário Sanches afirma que não “não é preciso ter uma bola de cristal para perceber que o relançamento no mercado será “dolorosamente lento”.
Entretanto monstrou-se esperançado nas oportunidades que essa crise poderá trazer para o sector em Cabo Verde.
“Há que preparar a pós-crise, com responsabilidade e sobriedade, solidariedade e coragem. Diz-se que todas as crises, sendo encaradas correctamente, podem apresentar oportunidades novas. Uma delas será, certamente, o reforço da aposta no turismo interno. Confiança, esperança, aliança e complementaridade serão as nossas palavras de ordem para a retoma”, disse o presidente da AAVT.
Cabo Verde tem as suas fronteiras fechadas desde meados de Março, altura em que suspendeu também as ligações inter-ilhas para o transporte de passageiros, com forma de evitar o transporte de vírus para as ilhas sem casos positivos de Covid-19.
Os últimos dados apontam que Cabo Verde já registou 218 casos com incidência nas ilhas de Santiago e Boa Vista. São Vicente teve apenas três casos que já estão curados.