Jorge Carlos Fonseca fez essa declaração no seu discurso alusivo ao Dia da Mulher Africana que se celebra hoje, 31, e aproveitou também para felicitar todas as mulheres do continente por esse dia.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, a história do continente africano é também a história das mães e das mulheres africanas. “Elas que viram, durante séculos, seus maridos e filhos transformados em mão de obra escrava, para o continente americano e o Médio Oriente, que garantiram a solidez das suas sociedades, estruturadas em bases matriarcais”.
E que ainda nos dias de hoje são as mulheres que suportam a pequena economia, que alimenta e garante a sobrevivência das populações. Também garantem a continuidade da sua cultura na diáspora, Brasil, Estados Unidos, Caraíbas, Europa.
“Estiveram ao lado e na rectaguarda daqueles que procuraram, em tempos mais próximos, a liberdade, através da luta armada ou da disputa política, nos processos de democratização dos seus países”, lembra.
Para o Chefe do Estado, a mulher africana não é uma só, como todos sabemos, mas, ao contrário de outros continentes e regiões do globo, a mulher africana ainda mantém traços muito comuns, no que se refere às suas carências e condições de vida.
“As mulheres, a par das crianças, são as principais vítimas do processo atribulado. E apesar do desanuviar lento dos dias mais cinzentos, com a alguma estabilidade que vai chegando, a sua condição, infelizmente, não vem sendo alvo da atenção da maioria dos governos”, sublinhou.
Jorge Carlos Fonseca disse que é com muita tristeza que vê as levas de refugiados, nos países da região dos Grandes Lagos, em que as imagens mostram milhares de mulheres com as suas casas e vidas à cabeça, com filhos às costas ou pelas mãos, e frisou que são estas mesmas mulheres, depois de violentadas e mal tratadas, que são capazes de sufocar no peito a dor e o sofrimento, e lançar mãos ao trabalho para garantir o sustento dos seus filhos, fazendo milagres para levar as suas vidas para a frente.
“A violação de vários direitos e a forma negligente como ainda é vista no mercado de trabalho, impedem que estas conheçam, na maioria dos casos, uma melhoria nos seus salários e no acesso aos postos de trabalho de melhor remuneração, e ao reconhecimento social das suas competências, em sociedades ainda cristalizadas numa postura profundamente conservadora”, cita.
Mas, assegurou, os sinais de mudança estão aí, sobretudo no espaço urbano. “Para além de se levantarem cedo para preparar o café da manhã para a família, tratar dos filhos e levá-los à escola, muitas são aquelas que se dirigem depois para as suas empresas ou seus postos de trabalho de destaque, para dar aulas nas universidades, investigar em laboratórios, tomar decisões políticas importantes. Contribuem, assim, para melhorar o estatuto social do seu género, deitando abaixo barreiras sociais e culturais, fazendo delas uma força importante no processo produtivo e para o desenvolvimento dos seus países”.
O Presidente terminou o seu discurso dizendo que se a África é o continente que reúne todas as esperanças para o nosso futuro, a mulher africana é, sem dúvida, o garante dessa força indómita, capaz de cobrir de amor, carinho e esperança todos os seus filhos.