A demissão, comunicada em nota enviada às redacções, tem efeito imediato e é legalmente enquadrada no Estatuto do Gestor Público.
No comunicado não são avançados os pormenores que terão levado a esta decidão tomada hoje, “ao abrigo da Deliberação Unânime nº27 de 21/08/2020, do acionista único, Estado de Cabo Verde, da EMPROFAC, SA".
É porém de relembrar que o nome do até agora PCA da Empresa Nacional de Produtos Farmacêuticos (Emprofac) encontra-se envolvido numa polémica sobre um alegado envio de emissários cabo-verdianos a Caracas (Venezuela) para encetar contactos com o Presidente Nicolás Maduro na sequência da detenção de Alex Saab.
Alex Saab Morán, alegado testa de ferro de Maduro foi detido no dia 12 de Junho, durante uma escala técnica na ilha do Sal, e aguarda desde o dia 16 de Julho o final do processo de extradição para os Estados Unidos.
O governo, entretanto, desmentiu ter enviado emissários ou “qualquer missão à República Bolivariana da Venezuela”, sublinhando que Cabo Verde é um Estado de direito democrático, onde os tribunais são independentes e as garantias de defesa se aplicam a todos os indivíduos.
“O Governo de Cabo Verde adverte que qualquer acção, contacto ou ‘démarches’ fora do quadro institucional e de representação oficial são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não vinculam o Estado de Cabo Verde”, acrescentou na nota de esclarecimento.
Segundo a imprensa internacional, que replicou uma notícia do El Nuevo Herald, os alegados emissários eram Gil Évora e Carlos dos Anjos, antigo director geral do Turismo.
Este último, também já desmentiu a informação. Ao jornal Mindelinsite, Carlos dos Anjos garantiu estar em Portugal, para onde viajou em negócios. O ex-DGT disse desconhecer onde se encontra Gil Évora.
Gil Évora, por seu turno, falou via facebook com a TCV, justificando que se encontra de férias em Lisboa e que achou a notícia do El Nuevo Herald "uma anedota".
Na nota que anuncia a demissão do PCA da EMPROFAC não é citado, como referido, o motivo que levou a essa decisão do governo. Até ao momento, não foi possível clarificar junto às fontes oficiais a razão desta decisão.
O economista Gil Évora foi nomeado PCA da empresa estatal em Julho de 2017, substituindo no cargo Tatiana Barbosa. Antes, tinha sido director executivo da Inpharma durante 5 anos e também director geral da Halcyon Air, entre outros cargos.