A decisão foi tomada durante uma sessão extraordinária do Conselho de Ministros, realizada sexta-feira, e durante a qual foi aprovada uma resolução que define as medidas excepcionais e temporárias para a organização e o funcionamento do ano lectivo 2020/21, no âmbito da pandemia da covid-19 e que devem ser adoptadas nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do ensino básico e secundário.
O início das aulas, em todo país, está previsto para 01 de Outubro, contudo, o Governo explicou que tomando em consideração a evolução da pandemia na Cidade da Praia, considerou-se que não existem condições para iniciar aulas presenciais neste concelho, devendo todas as escolas passar por um processo de vistoria para avaliação das condições sanitárias.
Em declarações à Inforpress, o presidente do Siprofis, Abraão Borges, defendeu hoje que adiar as aulas “é uma decisão acertada e concertada”, explicando que a decisão vem na sequência das reuniões do dia 25 de Setembro, em que os sindicatos pediram ao Ministério da Educação para ponderar a reabertura das aulas presenciais.
Em relação às aulas à distância, o sindicalista avançou que é preciso reunir todas as condições para que nenhuma criança “fique de fora”, pelo que acredita que já é tempo de o ministério ter as condições criadas, tendo em conta que as aulas à distância decorrem desde Março.
Em relação às outras ilhas, o responsável entende que é importante fazer, também, uma avaliação “muito cuidadosa” para que o vírus não entre nas escolas, sublinhando que para o acompanhamento dos alunos nas aulas à distância, é necessário um esforço por parte dos pais e encarregados de educação para poderem apoiar os seus filhos em casa.
Por seu turno, a presidente do Sindprof, Lígia Herbert, disse à Inforpress que congratula-se com a decisão, pois já tinham pedido ao Ministério da Educação “calma e muita ponderação” na abertura do ano lectivo a nível nacional, principalmente nas aulas presenciais.
“A posição do Sindprof é muito clara. Para combater este estado epidemiológico no País deve-se começar pela segurança”, realçou a dirigente sindical, defendendo que não adianta abrir as escolas para depois virem a fechar de novo.
Lígia Herbert entende, ainda que as provas de avaliação e os objectivos são nacionais e que quando se inicia as aulas em alguns concelhos e em outros não, os alunos vão ter problemas neste sentido, pelo que defende que seria mais fácil todos irem no “mesmo passo”, sublinhando que em relação às aulas à distância, as condições “não estão totalmente criadas e que é preciso criá-las”, para que depois não tenham crianças afectadas.
“Não é somente comprar e ofertar um televisor. É preciso que haja domínio de informática, é preciso que os professores tenham toda a capacitação, formação, conhecimento e domínio daquilo que estão a fazer”, concluiu.
De acordo com os últimos dados, Cabo Verde contabiliza 681 casos activos da infecção pelo novo coronavírus, 5.031 casos recuperados, 57 óbitos e dois transferidos, perfazendo um total acumulado de 5.771 casos positivos, sendo 3.469 no município da Praia.
A pandemia da covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,1 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.