Numa publicação na sua página do Facebook, o sindicato informa que quase todos os 51 professores que participaram no estudo se mostraram contra o ensino a distância.
O inquérito foi realizado no âmbito do início das aulas, na segunda-feira, 27, na Televisão, Rádios e plataformas digitais.
A maioria dos professores assume-se, conforme o SINDPROF, contra este modelo de ensino em Cabo Verde, por considerar que o país “não dispõe”, neste momento, de todas as condições suficientes - a nível tecnológico, logístico e de acesso à Internet - que permitam abarcar toda a comunidade educativa “sem deixar ninguém para trás”.
“Poderia ser, sim, uma boa opção se todos os alunos tivessem acesso. Tenho uma turma de 25 alunos, nenhum tem acesso à TCV e a maioria diz não ter rádio em casa. Sem contar que, nalgumas zonas do Concelho de Ribeira Grande, na ilha de Santo Antão, não chega nenhum sinal de rádio ou de televisão”, explica uma professora citada pelo SINDPROF.
“Não é uma boa ideia porque não temos recursos nem condições para tal e os professores não estão capacitados para dar aulas à distância”, refere uma outra professora, de acordo com o sindicato.
O SINDPROF, entretanto, afirma ser a favor das aulas a distância, não com o intuito de efectuar avaliações, mas, como uma terapia educacional, no sentindo de manter os alunos ocupados.
“Avaliação exige um confronto entre aluno e professor”, reitera o sindicato.
O Sindicato Nacional dos Professores (SINDEP) também defende que o ensino a distância não é uma alternativa que sirva os alunos, por considerar que não existem condições humanas e materiais que permitam a sua concretização.
“O sistema de educação a distância é um cenário impraticável em Cabo Verde. Por isso era obrigação do Ministério da Educação auscultar os sindicatos, os professores, os pais e encarregados de educação antes da tomada de qualquer decisão, já que se quer uma educação cujo lema é ‘juntos pela qualidade sem deixar ninguém para trás’. O Ministério da Educação devia pensar que nem todos os alunos têm as mesmas condições económicas, e nem os professores estão preparados para o uso de metodologia do ensino a distância”, apontou o presidente do SINDEP.
Relativamente aos alunos do 1º ao 11º ano de escolaridade, o SINDEP sugere o início das aulas no fim do estado de emergência, prolongado até o dia 2 de Maio nas ilhas com casos positivos de COVID-19, e proceder às avaliações nos mesmos moldes mediante critérios claros e bem definidos.
A ministra da Educação, Maritza Rosabal, avançou que a ideia é começar a transmissão de programas de ensino-aprendizagem através da rádio e televisão, um sistema desenhado para manter os estudantes em contacto com o contexto educativo e que o levantamento já foi feito para se conhecer o acesso dos alunos, nomeadamente à electricidade, à televisão e à rádio.