Cabo Verde já tem vacinas e vai iniciar vacinação

PorAndre Amaral,17 mar 2021 19:56

Lote da Pfizer foi o último a chegar a Cabo Verde mas vai ser o primeiro a ser usado. Uma decisão que estava prevista desde o início, esclarece o ministro da Saúde.

Numa nota o ministro da Saúde volta a anunciar que no próximo dia 19 se inicia a vacinação contra a COVID-19 e que os profissionais de saúde serão os primeiros a quem a vacina será administrada.

No mesmo texto Arlindo do Rosário refere que “tal como previsto iniciaremos a vacinação” daqueles profissionais que serão inoculados com as vacinas da norte-americana Pfizer.

Quanto às vacinas da AstraZeneca, cuja utilização tem estado a ser suspensa em vários países da Europa, o ministro defende que “manda o princípio da precaução que as dúvidas levantadas sejam totalmente esclarecidas” antes da sua utilização em Cabo Verde. No entanto, reforça, a “a OMS e a agência europeia de medicamentos até ao presente não encontraram nenhuma relação entre a vacina e os casos de hemocoagulação que foram relatados”.

“Acreditamos que tal acontecerá nos próximos dias pelo que o MSSS, em estreita articulação com a entidade reguladora da saude( ERIS) irao acompanhar de perto o evoluir da situação e fazer as devidas recomendações ao governo por forma a permitir uma decisão devidamente ponderada e responsável antes de se iniciar com a aplicação da vacina”, aponta ainda o ministro sobre as dúvidas levantadas sobre a vacina produzida pela AstraZeneca.

Na segunda-feira, durante a conferência de imprensa de balanço da evolução da COVID-19 no país, o Director Nacional de Saúde, Jorge Barreto, também abordou este tema. Segundo este responsável os lotes da vacina da AstraZeneca que Cabo Verde recebeu, não são do mesmo lote das que poderão estar ou não ligadas aos efeitos que têm sido a ser noticiados.

As vacinas da AstraZeneca que chegaram a Cabo Verde foram produzidas pelo Instituto Serum, da Índia, que é especializado na produção de vacinas contra doenças como o sarampo ou a tuberculose.

A 23 de Fevereiro o Instituto Serum enviou o primeiro carregamento de 70 milhões de vacinas da Oxford-AstraZeneca, para a Índia e duas dúzias de outros países pobres no programa de partilha de vacinas COVAX.

Os planos da empresa são, no entanto, mais ambiciosos. Segundo o The Economist está nos planos do Instituto Serum conseguir alargar a capacidade de produção mensal de 60-70 milhões de vacinas para 100 milhões até Abril.

A mesma publicação nota ainda que uma das grandes vantagens do Instituto Serum é que a vacina que produz, ao contrário da que é produzida pela Pfizer, “é barata e não precisa de ser armazenada a temperaturas ultra-baixas”. “Inocularão grande parte dos países pobres”, acrescenta o The Economist.

Por trás desta grande capacidade de produção da vacina contra a COVID-19 está uma decisão, tomada em Abril do ano passado, e que permitiu ao Instituto Serum preparar-se de forma a conseguir produzir a vacina antes mesmo de ela ter sido sujeitas aos necessários testes clínicos iniciais.

Problemas já eram esperados

Foram vários os países europeus que suspenderam a administração da vacina da AstraZeneca. Mas a Agência Europeia de Medicamentos, entidade reguladora na União Europeia para os produtos farmacêuticos, anunciou esta ter-feira que os problemas relacionados com a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 “não são inesperados”, dada a vacinação de milhões de pessoas, e atingem “um pequeno número” de vacinados.

“Uma situação como esta não é inesperada. Quando se vacinam milhões de pessoas, é inevitável que ocorram incidentes raros ou graves após a vacinação e o nosso papel [do regulador europeu] é o de avaliar que todos os efeitos secundários são rapidamente investigados, se estão realmente ligados à vacina ou se são coincidência”, declarou Emer Cooke.

A responsável pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) frisou também que “não há evidências de que foi a vacinação [com o fármaco da AstraZeneca] que causou estas situações”, além de que os efeitos secundários apenas se verificaram “num número pequeno de pessoas que receberam a vacina”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1007 de 17 de Março de 2021. 

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Autoria:Andre Amaral,17 mar 2021 19:56

Editado porSara Almeida  em  16 dez 2021 23:20

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