Os números foram adiantados ao Expresso das Ilhas pelo Director Nacional de Saúde, Jorge Barreto, à margem da conferência de imprensa que se realiza semanalmente para relatar a evolução da pandemia em Cabo Verde.
“Pelas contas que nós já fizemos, nós podemos vacinar, cerca de 3.500 pessoas por dia, no mínimo, porque as equipas de vacinação foram reforçadas e poderíamos até neste momento dizer que a capacidade para vacinar até 5.000 pessoas por dia”, explicou Jorge Barreto.
Questionado sobre se há capacidade de vacinação para evitar que se ultrapassem os prazos de validade das vacinas o Director Nacional de Saúde assegurou que Cabo Verde não terá “problemas em utilizar essas doses nos prazos estipulados”.
Com a meta estabelecida em 70% da população elegível vacinada até final do ano, Cabo Verde tem actualmente 24% da população com, pelo menos, uma dose da vacina administrada.
“Estamos em início de Julho. Significa que em três meses e meio já temos cerca de 24% das pessoas vacinadas, com mais de 3 meses seriam 48% com mais outro trimestre e será o fim do ano e estaríamos por aí em 70%”, aponta Jorge Barreto.
Mas para que esse número seja alcançado “temos que manter esse ritmo” de vacinação que só será mantido “se as pessoas aderirem à vacinação. Se as pessoas não aderirem, infelizmente não há volta a dar” a não ser que seja “obrigatório a pessoa ser vacinada, mas isso, por enquanto, não é uma possibilidade que se coloque”, assegurou o Director Nacional de Saúde.
Vacinas de dose única
Questionado sobre a possibilidade de chegarem vacinas de dose única a Cabo Verde, como é o caso das vacinas produzidas pela Johnson&Johnson, e que podem ser úteis para vacinar pessoas em locais mais isolados e aumentar a taxa de vacinação no país, Jorge Barreto respondeu que a sua aquisição “é uma possibilidade” e que já há autorização para a sua introdução no mercado. “Caso houver essa essa oportunidade não atrasarmos o processo. Mas essa vacina é uma das mais recentes, portanto, a sua produção ainda não consegue dar uma resposta às solicitações. A demanda é grande e é bastante difícil ter acesso”, explicou Jorge Barreto que assegurou que sempre que são estabelecidos contactos bilaterais “nós damos sempre a entender que se houver a possibilidade de termos alguma quantidade desta vacina da Johnson seria ideal, porque, como é de uma dose, a logística é completamente diferente”.
A chegada desta vacina ajudaria também a acelerar o processo de vacinação, aponta este responsável, uma vez que sendo uma vacina de uma só dose permitiria vacinar logo as pessoas de uma vez, ou seja, vacinação completa” e “também melhoraria as nossas taxas em termos de pessoas com vacinação, completa”
Vai de férias? Esta informação é para si
Com a chegada do Verão e das férias há sempre pessoas que viajam para fora do país. No entanto, a alteração da data para a toma da segunda dose da vacina pode atrapalhar a decisão de viajar ou não para o estrangeiro. Por isso, a pergunta que se coloca é: tomar a segunda dose antes da viagem e encurtar ainda mais o prazo de vacinação ou optar por tomar a vacina na data dos 3 meses?
Jorge Barreto explica que até agora não chegou à Direcção Nacional de Saúde nenhuma orientação clara sobre a toma da vacina antes de se cumprirem os dois meses de espera. “As pessoas podem tomar a vacina quando voltarem, porque pode ser a partir de 2 meses, pode fazer até os 3 meses e já há estudos que mostram que pode ser feito até 4 meses”, refere.
“Nós normalmente seguimos as orientações da OMS, porque é a instituição que nos dá alguma garantia de seriedade e de rigor científico. Já perguntamos, mas ainda não tivemos essa resposta. Da mesma forma das pessoas que já tiveram COVID-19 ainda têm que esperar o período de 6 meses para tomarem a vacina”, concluiu.
Taxa de incidência a descer
Jorge Barreto, durante a conferência de imprensa, anunciou que taxa de incidência acumulada de covid-19 em Cabo Verde desceu, nos últimos 14 dias, para 130 casos por 100 mil habitantes, e que nas ilhas do Sal e da Boa Vista está actualmente abaixo dos 25 casos por 100 mil habitantes.
“Podemos continuar a constatar que há uma tendência para diminuição do número de casos e não diminuição de amostras. Estamos confortáveis a dizer que a situação com tendência de melhoria mantém-se”, disse Jorge Barreto.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1023 de 7 de Julho de 2021.