Com o novo ano lectivo à porta, a Fundação Cabo-Verdiana de Acção Social Escolar (FICASE) prepara-se para continuar o trabalho iniciado em 2009, data da sua fundação, de promoção da igualdade de oportunidades no acesso à edução.
Através da atribuição de bolsas de estudo, do pagamento de propinas, do apoio à alimentação, entre outros programas, a FICASE chega a cerca de 200 mil estudantes.
Instituto público, integrado na administração indirecta do Estado, a Fundação tornou-se parte fundamental das políticas educativas do país. Para o seu presidente, Albertino Fernandes, o grande objectivo passa por garantir que as condições socioeconómicas não impactam os níveis de abandono ou (in)sucesso escolar
“Pelos indicadores do Ministério da Educação, relativamente ao abandono escolar, por exemplo no nível de ensino básico obrigatório, este é praticamente zero. Praticamente não há abandono escolar. Isto significa que, directa ou indirectamente, acabamos por contribuir para a melhoria destes indicadores”, acredita.
Sobre o trabalho realizado no ano escolar 2022/2023, o balanço é “muito positivo”.
“O balanço é muito positivo. Conseguimos atingir os nossos objectivos, mesmo relativamente a alguns programas, ultrapassámos as nossas expectativas iniciais”, lembra o responsável da instituição.
Em 2023/2024, o maior programa continuará a ser a nível das cantinas escolares, chegando a perto de 100 mil alunos, em diferentes níveis de ensino.
“O nosso maior programa, em termos de beneficiários, é o programa de alimentação escolar, onde todos os anos beneficiamos cerca de 100 mil alunos, do pré-escolar ao 8º ano. Excepcionalmente, também apoiamos algumas escolas secundárias, onde se detecta a necessidade de apoiar alunos deste nível”, refere Albertino Fernandes.
Neste regresso às aulas, a oferta de kits escolares é outra acção que ganha visibilidade, beneficiando 30 mil alunos. O transporte escolar, que chega a cerca de 7.700 estudantes, é outro programa fundamental.
“Apoiamos alunos com transporte escolar, que é um programa que tem muita visibilidade neste início de ano lectivo, e que contribuiu bastante para a redução do abandono escolar”, explica o dirigente.
Anualmente, a FICASE gere um orçamento que ronda um milhão de contos. Cerca de 90% desse montante provém do próprio Estado, cabendo os restantes 10% a parceiros nacionais e internacionais, como Cooperação Luxemburguesa ou Programa Alimentar Mundial.
Lembrando que os “recursos nunca são suficientes”, o presidente da FICASE sublinha que sempre existirá quem precise de apoio.
“O nosso objectivo é garantir o direito à educação, portanto, há sempre uma franja social que irá necessitar do apoio do Estado e não só. É por isso, que somos uma fundação social e temos a parte de mobilização de recursos. Somos uma fundação, porque o Estado reconhece que somente com recursos do Estado não será possível satisfazer as necessidades”, comenta.
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A opinião dos encarregados de educação
Carlos Soulé
São Vicente
Os meus filhos ainda estão no ensino básico, mas o que pude apurar, segundo outros pais, é que o sistema está muito redundante, com muitos exames e avaliações a serem feitos, o que pode, em certa medida, criar algum estado de complexidade ou de stress nos alunos. Comparando com anos anteriores, a avaliação tem sido muito exaustiva.
João Vieira
Santiago
O ano passado foi um ano positivo, em relação àquilo que vejo do aproveitamento da minha filha. Para este novo ano, espero melhorias no ensino.
Sobre a introdução do crioulo, a nossa língua é o crioulo, acho que não é necessário, mas cada um tem a sua opinião. Temos de reforçar na matemática.
Lenisia Medina
Santo Antão
Espero que no novo ano possa haver uma parceria entre pais e professores, para podermos ajudar os alunos. Se os pais não frequentarem a escola, não acompanharem as crianças, os professores, sozinhos, não conseguem cumprir a tarefa, da mesma forma que, sozinhos, os pais não conseguem. O meu desejo é que pais e professores se unam nesta missão. Caso contrário, os alunos não irão avançar.
Albertino Delgado
Santiago
Continuamos a ter os mesmos problemas de outrora, de fazer reformas educativas num período bastante curto. Acho que o país merece reformas mais consistentes, com maior período de vigência ou, pelo menos, num plano que dure 10 anos. É importante que uma nova governação não venha e introduza novas reformas. Caso contrário, não vamos ter estabilidade, o que vai ser inimigo da qualidade da educação.
*com Fretson Rocha
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1136 de 6 de Setembro de 2023.