Um marco rumo à sustentabilidade energética em Cabo Verde

PorSheilla Ribeiro,25 fev 2024 8:34

Na apresentação pública do Projecto Santiago Pumped Storage, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, destacou a magnitude e o significado deste empreendimento para o futuro energético do país. O projecto, inserido no pacote da Global Gateway com um investimento de 246 milhões de euros, concentra-se no sector das energias renováveis, alinhando-se com os esforços do país para atingir metas ambiciosas de produção energética limpa.

“Este não é um projecto qualquer, há um projecto maior, que está a ser preparado para ser realizado aqui em Cabo Verde, no sector da energia, particularmente das energias renováveis”, afirmou o Primeiro Ministro durante a apresentação.

Na ocasião, o governante enfatizou a importância estratégica do investimento, não apenas pelo montante envolvido, mas também pelo impacto transformador que as energias renováveis trarão para Cabo Verde.

O Projecto Santiago Pumped Storage, que vai ficar localizado em Chã Gonçalves, no concelho da Ribeira Grande de Santiago e vai custar cerca de 60 milhões de euros, promete aumentar significativamente a capacidade de armazenamento de energia, viabilizando, assim, o aumento da capacidade de produção eléctrica do país. Trata-se de um projecto com 20 megawatts (MW) de potência e 160 megawatts por hora (MWh) de capacidade de armazenamento de energia.

Este aumento, segundo Ulisses Correia e Silva, vai ajudar alcançar a meta de mais de 50% de produção de electricidade através de energias renováveis até 2030 e se aproximar dos 100% até 2040, como delineado pelo Governo.

Ulisses Correia e Silva enfatizou a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, uma medida importante para a economia e o meio ambiente do país, que actualmente importa 80% dos combustíveis que consome.

Arquipélago bem munido para produzir cada vez mais energia localmente

Por sua vez, o encarregado de negócios do Luxemburgo, Thomas Barbancey, reforçou que o projecto que visa a construção de uma central hidroelétrica de armazenamento por bombeamento na Ilha de Santiago, representa um passo significativo para reduzir a dependência de Cabo Verde na importação de combustíveis fósseis e aumentar a resiliência do país aos choques externos.

“Recorrendo aos seus recursos naturais, sobretudo o sol e o vento, o arquipélago está bem munido para produzir cada vez mais energia localmente a partir de fontes renováveis e resguardar-se acima da volatilidade dos preços dos mercados internacionais”, referiu.

Barbancey também ressaltou o papel crucial do armazenamento de energia na viabilização de uma transição energética bem-sucedida.

“É neste sentido que surge a ideia de uma instalação de uma central hidroelétrica de armazenamento por bombeamento no principal mercado eléctrico nacional, a Ilha de Santiago”, acrescentou.

Já a embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó, também ressaltou a vulnerabilidade de Cabo Verde a choques externos, como volatilidade nos preços de combustíveis, e a necessidade de reforçar a resiliência do país.

Nesse sentido, assegurou o compromisso conjunto da equipa Europa e de Cabo Verde em aproveitar a transição verde e digital para melhorar as condições de vida das sociedades cabo-verdianas.

Grijó elogiou os esforços de Cabo Verde na busca por fontes de energia renováveis e mencionou o potencial do Projeto Santiago Pumped Storage para impulsionar ainda mais essa transição energética.

“Os investimentos apresentados reforçarão a nossa parceria e o nosso compromisso fervoroso com a sustentabilidade e a maior prosperidade de Cabo Verde”, concluiu Grijó, enfatizando que “o melhor ainda está por vir” nesta colaboração.

Central deverá iniciar operações em 2028

Durante a apresentação do projecto, o Director Nacional de Indústria, Comércio e Energia de Cabo Verde, Rito Évora, anunciou que a central de armazenamento de energia está programada para entrar em operação até 2030, com o objectivo de injectar 7% de energias renováveis na rede pública nacional e 18% na da ilha de Santiago.

A estrutura será capaz de armazenar excedentes de energia eólica e solar, utilizando um sistema de reservatórios e bombagem de água. Espera-se que isso leve a uma redução de 22% no consumo de combustíveis fósseis na produção de electricidade.

Localizada na localidade de Chã Gonçalves, no concelho de Ribeira Grande, a infraestrutura contará com dois reservatórios, um de 360 mil metros cúbicos de água e outro com 320 mil metros cúbicos.

Além disso, está prevista a construção de uma pequena dessalinizadora, com capacidade para produzir 1.000 metros cúbicos de água, para compensar a perda causada pela evaporação.

Esta água, segundo Rito Évora, não só será utilizada no processo de geração de energia, mas também estará disponível para uso da população local. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1160 de 21 de Fevereiro de 2024.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,25 fev 2024 8:34

Editado pormaria Fortes  em  2 mai 2024 23:28

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