Os dois prémios foram atribuídos à Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) pela Global Banking and Finance Review, uma publicação que oferece notícias, análises e opiniões sobre as mais recentes tendências, desenvolvimentos e inovações na indústria bancária e financeira em todo o mundo.
O primeiro prémio, o Most Innovative ESG Initiative Western Africa 2024 “reconhece o compromisso da Bolsa de Valores com a implementação de práticas inovadoras de ESG, ou seja, ligadas ao ambiente, sociais e de governança, destacando-se, neste caso em concreto, pela plataforma BLU-X, uma plataforma de apoio estratégico, que foi constituída com o apoio estratégico do PNUD, com o foco principal na promoção da sustentabilidade através da emissão de produtos financeiros sustentáveis, como Blue Bonds, Green Bonds, Social Bonds, entre outros”, avançou Miguel Monteiro em conferência de imprensa.
Segundo este responsável, desde o início do projecto BLU-X, até Dezembro de 2023, já foram emitidos sete títulos sustentáveis, incluindo três Social Bonds, dois Green Bonds, um Blue Bond e um Sustainability Bond, “e foram arrecadados aproximadamente 4,48 mil milhões de escudos através destas emissões para o financiamento de projectos relacionados com a economia azul, sustentabilidade social e ambiental”.
Já o segundo prémio, é relativo à melhor obrigação social ESG na África Ocidental para o ano 2024 e vem na sequência da emissão da obrigação social Social Bond, realizada pela Morabi que, com base no relatório de alocação e impacto referente ao uso dos recursos no final do primeiro ano, e os dados preliminares do uso dos recursos no final do segundo ano, “destacam os seguintes aspectos: mais de 40% dos beneficiários têm menos de 35 anos, mais de 75% dos financiamentos foram para actividades promovidas por mulheres, mais de 770 empregos foram protegidos, foram criados mais de 100 novos postos de emprego, mais de 2 mil beneficiários indirectos, um adicional de 58 milhões de escudos em empréstimos concedidos, uma diminuição de cerca de 265% do tempo de espera para o acesso ao financiamento, e, por último, uma redução importante de 50% nos custos de taxas de juros para os clientes”, relatou Miguel Monteiro.
O presidente da BVC destacou ainda que a “Bolsa de Valores foi a única instituição na África Ocidental a receber um prémio a nível regional. Outras entidades da África Ocidental, foram premiadas, mas essas ganharam prémios a nível local”.
Os prémios atribuídos à BVC, acrescentou Miguel Monteiro, são o reflexo “do papel fundamental que a Bolsa tem de estar a ter na promoção de práticas financeiras responsáveis e na sinalização do financiamento ao desenvolvimento sustentável na África Ocidental”.
“É um testemunho do compromisso da Bolsa de Valores de Cabo Verde em adoptar medidas concretas, para enfrentar os desafios socio-ambientais e construir um futuro mais justo, equitativo e sustentável para todos os cabo-verdianos”.
Reconhecimento internacional
Questionado sobre como se processou a atribuição dos prémios, Miguel Monteiro optou por salientar o reconhecimento internacional do trabalho efectuado pela BVC.
“Foi nesse âmbito que nós fomos convidados a levar projectos que poderiam ser considerados como inovadores e, neste caso em concreto, nós avançamos com essas duas propostas que acabaram por sair vencedoras porque, na prática, são propostas que mostram algo novo relativamente àquilo que se tem estado a assistir, neste caso em concreto, no continente africano.
Fazendo um balanço do percurso realizado até agora pela plataforma BLU-X e sobre se esta já tem sido capaz de atrair investidores estrangeiros, Miguel Monteiro assegurou que esse é um trabalho que já está a ser feito.
“Estamos a falar de potenciais investidores, desde os Estados Unidos até Alemanha e França”, frisou destacando, por outro lado que os montantes dos projectos em Cabo Verde “são relativamente mais pequenos do que aquilo que normalmente esses investidores desejam. Nós, com estes sete projectos, já financiámos cerca de mais de 40 milhões de euros, mas normalmente esse tipo de investidores pretendem ter para um projecto valores no mínimo de 100 milhões”, concluiu.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1166 de 3 de Abril de 2024.