José Maria Neves falava na abertura do “Fórum sobre a língua materna cabo-verdiana 2025”, promovido pela Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) e com o alto patrocínio da Presidência da República, no âmbito do Dia Internacional da Língua Materna, que se celebra a 21 de Fevereiro.
“O meu apelo hoje, enquanto Presidente da República, é para todos os especialistas, linguistas cabo-verdianos, professores cabo-verdianos para debatermos esta questão e mostrar a riqueza e grandeza da nossa língua, a importância de apreender para termos sucesso na educação e na aprendizagem de outras línguas e para convencermos os partidos políticos, grupos parlamentares, deputados a importância de oficializamos plenamente a língua cabo-verdiana ", referiu.
Durante a sua intervenção, via videoconferência, a partir de Santo Antão onde se encontra de visita, o chefe de Estado realçou que a língua cabo-verdiana é um património cultural que deve ser valorizado, promovendo a sua igualdade com a língua portuguesa.
“Essas duas línguas são o nosso património, e precisamos trabalhar para valorizá-las, aprendê-las bem e garantir que todas as crianças possam expressar-se e aprender na sua língua materna”, disse.
José Maria Neves destacou a importância de um consenso entre os partidos políticos para avançar na oficialização da língua, considerando tratar-se de um passo crucial para que futuras gerações possam ser criativas e se desenvolver em todas as línguas que aprenderem a partir da língua crioula.
O chefe de Estado enfatizou que a língua cabo-verdiana é um traço de união que conecta não só as várias ilhas do arquipélago, mas também a diáspora, sendo essencial para fortalecer a identidade cabo-verdiana.
“É a língua que usamos no dia a dia, nas músicas, na literatura, e é ela que nos permite expressar nossos sentimentos e emoções mais profundas”, afirmou, ressaltando que o cabo-verdiano deve ser uma língua forte nas escolas e na administração pública.
Durante a sua intervenção, mencionou as iniciativas em curso, como a criação de dicionários e gramáticas, bem como o trabalho desenvolvido por linguistas e especialistas que têm contribuído para o enriquecimento da língua e sua padronização.
O Presidente da República lembrou, igualmente, que o alfabeto da língua cabo-verdiana já foi oficializado e está a ser utilizado para assegurar uma uniformização das variantes existentes nas diversas ilhas.
José Maria Neves destacou ainda os resultados positivos de experiências piloto de ensino bilíngue, nas quais as crianças aprendem melhor o português ao mesmo tempo em que dominavam a língua cabo-verdiana.
“É hora de dar um passo definitivo e oficializar a língua cabo-verdiana, como forma de garantir que, ao saírem da escola, nossas crianças possam falar e escrever bem tanto o português quanto o crioulo, e que possam também aprender outras línguas”, concluiu.
Tendo em conta que este ano Cabo Verde celebra o 50º aniversário da independência, o Presidente da República apelou à sociedade cabo-verdiana, tanto no país como na diáspora, para que se empenhem nesta importante reflexão sobre o futuro da língua cabo-verdiana.
A oficialização da língua crioula em Cabo Verde vai ser um dos temas em debate no fórum, que reúne especialistas de Curaçau, Guiné-Bissau e Seychelles, além de Cabo Verde, para partilhar experiências sobre a valorização e o ensino das línguas crioulas.