Duas conferências de imprensa. Duas reacções distintas.
Walter Évora, da Comissão Política Nacional do PAICV, acusou o governo e exigiu que a responsabilidade política seja “assumida por este governo na pessoa do Primeiro-Ministro e do Ministro da Saúde, que foram negligentes ao desmantelarem um sistema de evacuações que funcionava e era assegurada pelos TACV, Cabo Verde Express e Guarda Costeira” e por não terem, segundo apontou, “contratualizado com a Binter as condições de prestação do serviço público, por não conseguirem exercer a autoridade do Estado para proteger os seus cidadãos, parecendo que este governo esta completamente na mão de determinados interesses económicos instalados em Cabo Verde e completamente impotente perante uma empresa que pode a qualquer momento deixar Cabo Verde sem ligações aéreas domesticas”.
Para o deputado do PAICV, a alegada inexistência de documentação emitida pela delegacia de saúde da Boa Vista, como foi referido pela Binter, obriga à “abertura de um processo de averiguaçãopara ver efectivamente onde é que a falha está. Porque as pessoas não podem ficar reféns desse tipo de trocas. Esta é uma situação nova no país. Eu trabalhei durante muito tempo na previdência social, e quando havia uma situação de vida ou morte, mesmo que não houvesse documentação, a pessoa era transportada. E quando não houvesse voos comerciais recorria-se ao afretamento de um avião da Cabo Verde Express ou da Guarda Costeira para ir buscar as pessoas”.
Numa curta declaração à imprensa, o MpD, pela voz da deputada Dália Benholiel, eleita pelo círculo da Boa Vista, lamentou a morte da jovem e pediu ao governo que “melhore todas as condições necessárias para que a população seja atendida em cada ilha e, sobretudo, para que a questão da evacuação seja brevemente resolvida”. A mesma parlamentar apelou ainda a que “não se faça um aproveitamento político sobre a morte de uma pessoa”.
Quanto às alegações apresentadas pela Binter, Dália Benholiel remeteu para o comunicado do governo em que é anunciada a abertura de um inquérito para a apuramento de responsabilidades.
Uma jovem grávida, de 30 anos, morreu na madrugada deste sábado, no hospital do Sal, após ter sido evacuada, quinta-feira, numa embarcação a partir da ilha da Boa Vista. A indicação seria para que a vítima fosse evacuada por via aérea, o que não aconteceu.