Em conversa com os jornalistas à margem da cerimónia de abertura do IX fórum da Bolsa de Valores, esta quinta-feira na Cidade da Praia, Gilberto Barros garantiu que os cabo-verdianos “não ficarão” sem transportes, mas foi peremptório ao afirmar que o Governo não vai subsidiar a única operadora actualmente dos transportes domésticos em Cabo Verde.
“É uma questão que nunca foi discutida e nunca haverá um subsídio do Estado de Cabo Verde para a empresa Binter. O entendimento de sempre com a Binter é que não haverá subsídios. Nada mudou e certamente neste Orçamento de Estado não haverá como subsidiar”, sublinhou.
Para Gilberto Barros, o desacordo entre Binter e AAC, que levou a companhia a suspender, durante 24 horas, a venda de bilhetes a partir de 28 de Outubro, data da entrada em vigor das novas tarifas máximas, decididas pela reguladora, foi "um conflito normal".
“Entendemos que é um conflito normal entre uma entidade reguladora e um operador. A Binter está preocupada com o seu lucro e o regulador está preocupado com a protecção dos passageiros, então forçosamente existe alguma tensão”, disse, indicando que o Governo emitirá ainda hoje um comunicado sobre o assunto.
Na terça-feira, 25, a Binter Cabo Verde, através de comunicado, disse que ficou “gravemente prejudicada” com a redução das tarifas dos voos domésticos, e face a isso mandou suspender a venda dos bilhetes a partir de 28 de Outubro.
Entretanto, no dia seguinte, num novo comunicado a transportadora informou que reabriu a venda de bilhetes para além do dia 28 de Outubro, após reunir-se com a Agência da Aviação Civil (AAC) e pedir a reavaliação do quadro tarifário.
Em nota enviada à comunicação social, a Binter sustenta que esta decisão resulta das “reuniões frutíferas” realizadas na tarde de quarta-feira, 26.
Entretanto, o PAICV, principal partido da oposição, disse ontem suspeitar de um “cenário de encenação e de puro teatro” para se criar “as almofadas e as condições necessárias” para subsidiar a Binter através do Orçamento do Estado para 2019.
A UCID também reagiu ontem à polémica, pedindo a demissão do conselho de administração da AAC.