PAICV considera que Estado está refém da Binter

PorDulcina Mendes,27 set 2018 14:12

Nuías Silva
Nuías Silva

“Estamos mal servidos e reféns de uma companhia monopolista estrangeira que transfere toda a riqueza construída no país para fora de Cabo Verde”. Foi assim que o vice-presidente do PAICV reagiu hoje, em conferência de imprensa, ao comunicado da Binter CV, face à fixação dos preços máximos dos bilhetes inter-ilhas.

Segundo Nuias Silva, é urgente que haja concorrência no sector e que os cabo-verdianos possam desfrutar de condições melhores nos transportes inter-ilhas.

“Todo esse cenário é consequência de uma decisão mal preparada, de uma solução apresentada de liquidação dos TACV nas rotas domésticas e entrega deste mercado ao monopólio privado de uma companhia aérea”, indica.

O vice-presidente do PAICV, considera que a situação do país é muito preocupante. “A situação dos transportes inter-ilhas hoje é de longe muito pior do que em Março de 2016 e, para agravar, está rodeada de incertezas e negócios pouco claros”.

“Uma companhia que apresenta, num dia, razões de rotura, violando toda a cadeia de comando da autoridade deste país, entrando num quadro de deslealdade para com o país, ameaçando o Governo e chegando a dar ordens às empresas para não venderem bilhetes a partir de 28 de Outubro, data em que entraria em vigor o novo plano tarifário da AAC”, refere, dizendo que isso deixa os cabo-verdianos preocupados.

Para Nuias Silva, o anúncio da Binter CV é grave e deixa demonstra a situação em que os cabo-verdianos se encontram em matéria de transportes aéreos entre as ilhas

“Mais preocupados ficamos quando o Governo escusa-se a dar explicações e a tranquilizar os cabo-verdianos sobre as ameaças que pairam no ar”, assegura.

Conforme sublinhou, estes actos são de uma opacidade incompatível com o Estado de Direito Democrático, inaceitável por Cabo Verde e pelos cabo-verdianos e questiona. “O que estará por detrás deste comportamento misterioso de um negócio que é notoriamente danoso para o país?”.

Para o Vice-presidente do PAICV, o Governo do MpD deve reconhecer que errou na solução encontrada. “O principal culpado da situação em que nos encontramos é o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e o seu Governo, que de forma apressada e atabalhoada, desmantelaram e retiraram os TACV da rota doméstica”.

“O Governo e a Autoridade reguladora não estão a defender dos cabo-verdianos. E o que acabou de acontecer é muito grave, porque o Governo não assumiu as suas responsabilidades trazendo a público informações que tranquilizassem os cabo-verdianos”, declara.

Conforme Nuias Silva, o Governo deve arrepiar caminho e pronunciar-se no sentido de tranquilizar o país, “mostrando que vai encetar os esforços para dotar o país de alternativas concorrentes em matéria de transporte inter-ilhas e, num quadro de transparência e concurso público, colocar uma oferta de prestação de serviço público de ligação inter-ilhas”.

De referir que na sequência da redução das tarifas para os voos domésticos, decidida pela Agência da Aviação Civil (AAC), a Binter CV anunciou terça-feira a suspensão da venda dos bilhetes inter-ilhas, a partir de 28 de Outubro. A venda foi retomada quarta-feira, depois de "reuniões frutíferas". 

Por outro lado, a Agência de Aviação Civil avisa que está a analisar a proposta da Binter CV para que as novas tarifas máximas nas ligações inter-ilhas entrem em vigor apenas a partir do próximo ano.

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Autoria:Dulcina Mendes,27 set 2018 14:12

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  17 jun 2019 23:22

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